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João Afonso fala sobre “Sangue Bom” – Parte I

Rui DinisRui Dinis

João Afonso está de volta aos álbuns de originais. Depois de uma belíssima homenagem a José Afonso, seu tio, materializada com um espectáculo e consequente disco, “Um Redondo Vocábulo” (Edição de Autor, 2009), João Afonso editou ontem o seu novo álbum. O disco chama-se “Sangue Bom” e para além da música de João Afonso, traz a poesia de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. A trompa inicia hoje um especial de cinco dias dedicado a este excelente disco. São três perguntas e respostas a lançar diariamente, num total de 15. Eis a primeira parte:

CAPA CD_SANGUE BOM

O último disco de originais do João Afonso data já de 2006, como foi gravar um novo disco de originais passados todos estes anos? Algumas novas sensações?
Há sempre sentimentos e sensações novas , fruto de processos diferentes de produção. Foi um disco intenso e de grande entrega. Houve um disco pelo meio : “Um redondo vocábulo” que apesar de não ser da minha autoria abracei-o como se o fosse.

Voltando um pouco mais atrás, a estreia com o álbum “Missangas” em 1997 foi verdadeiramente fulgurante, cheia de prémios e boas críticas. Que melhores memórias guarda desse tempo?
As melhores memórias estão relacionadas com os inúmeros concertos que o “Missangas” me proporcionou a mim e aos meus colegas de estrada. A ida a Macau e o concerto num anfiteatro em Goa é o que me vai à cabeça. Lembro-me depois de num concerto em Moçambique aparecer-nos um puto na rua a vender música de Maputo e entre eles o “Missangas”, pirateado. Não acreditava que era eu o “rapaz” da capa com o cão. A certa altura perguntou-me pelo cão e ganhou…

Em “Outra Vida” (2006), há de certa forma um novo caminho que se traça, não só pelo papel importante de João Lucas (produtor, director musical e responsável pelos arranjos) mas também pela introdução de outros instrumentos. O novo “Sangue Bom” segue de alguma forma esse caminho da descoberta? Como?
O “Outra vida” é um grande trabalho do João Lucas e com um som diferente. Aliás, eu creio que todos os meus discos têm características diferentes e um cunho próprio. O “Sangue bom” é um trabalho com uma multiplicidade de universos e acho que se deve ao trabalho dedicado e de bom gosto do produtor , o meu amigo, Vitor Milhanas. Esse som do disco deve-te também a uma colaboração variada e diversa de músicos que generosamente colaboraram e a eles devo este disco. O Vitor, por exemplo, com a sua programação rítmica, com o trabalho excelente de percussão do Quiné, mais as guitarras fabulosas do António Pinto e do Miguel Fevereiro, mais os teclados do Fausto Ferreira…e claro, as vozes do meu irmão António (Continua…). [WORLD | OUVIR]

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Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.