Os Sutzu nasceram em 2003 em Odivelas/Lisboa – Tânia Costa na voz, Carlos Mota na guitarra e Rodolfo Gil no sampler e programações compõem o trio.
Falemos hoje de uma maqueta. É uma amostra e em jeito de apresentação, é já possível descobrir uns Sutzu no limiar de uma construção sonora própria e autêntica. Sim, disse limiar…é essa linha ténue que os Sutzu percorrem.
Salvo raros desvios, falamos essencialmente da criação de um universo musical que se envolve em ambientes sombrios e mecanizados, sobrepostos pela rica voz de uma contadora de histórias. Também aqui, pois já aconteceu em universos semelhantes, é a inspirada voz do colectivo, Tânia Costa, que confere ao ambiente – sonhador – criado pelo som dos Sutzu, o corpo que a sua alma verdadeiramente necessita para se concretizar; para se desprender de um tal mecanismo: o mecanismo electrónico. É também disso que se trata. Musicalmente, os Sutzu, são no essencial uma banda de rock alternativo e electrónico, muito electrónico. É ele que pinta quase todas as cores do cenário onírico – às vezes fantástico – dos Sutzu (cores mais escuras, quase sempre). Mas há um mistério no ar, algo que fica…a essência da coisa. Nesse campo os Suztu vencem, deixam qualquer coisa no ar para se agarrar e desenvolver. É uma espécie de construção. É importante perceber que nem sempre a coisa parece de todo muito original (volto a referir, também não é de todo obrigatório), mas isso são os riscos da utilização de alguma maquinaria, principalmente nos dias de hoje, quando as soluções apresentadas são mais que muitas e às vezes, bastante repetitivas.
Estamos no campo alternativo, no campo da experienciação de novos sons, novas emoções e visões, basicamente de novas combinações. As diferentes formas de contar a mesma coisa; de contar a tal história vivida num ambiente diferente e tão próprio, etéreo, superior, até algo deslocado – e isso é bom. São sons fortes que constroem ambientes densos, enegrecidos e não raras vezes gelados. Não estaria a dizer nada de novo, se não fosse visível por parte da banda essa tentativa de criação da tal coisa muito própria, muito por força da colocação vocal de Tânia Costa, é verdade, mas também pela exploração sonora que se percebe existir. Nem sempre sucedida a 100%, mas muitas vezes tentada; sendo um projecto fortemente electrónico, e não esquecendo a existência de uma voz, há na música dos Sutzu – nesta maqueta, entenda-se, com todos os normais constrangimentos de produção – algo de excessivamente maquinal, notando-se invariavelmente algum défice sonoro no seu campo mais orgânico…pessoalmente, gostei mais de “lost way”.
Ouvir os Sutzu é deixar correr e ir atrás…perceber para onde vão sabendo que o caminho é aquele, que a direcção até é aquela, mas que a forma, essa, às vezes pode ser outra.

No sítio da banda podem ouvir-se estes e outros temas.

(2004)

01 Fly High
02 Mother Nature
03 Lost Way
04 L-Perception

Alternativo /Electrónico
pwp.netcabo.pt/sutzu

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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