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A Armada sobre “Clássico”, faixa a faixa

Rui DinisRui Dinis

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Antes do faixa a faixa, uma breve nota da banda sobre o seu EP:

Este EP é uma fotografia do que a Armada foi desde o seu início em 2009 até ao mês de Agosto de 2013. Apesar de não ter sido gravado pela formação de origem, nem a actual, não deixou de ser fundamental para nós contar a nossa história, ainda que ela tenha entrado num novo capítulo, para que pudéssemos partilhar com todos uma fase que nos deu tanto gozo escrever e da qual nos orgulhamos. O conceito que tentámos cumprir neste disco foi produzi-lo para que soasse como uma boa estação de Rock n’Roll Clássico, e portanto, cada canção foi produzida com a influência de uma banda ou bandas que são uma referência para nós.

Maria Guilhotina
Quisemos abrir o disco com esta canção porque tem um riff de entrada muito Rock n’Roll e uma progressão muito à la Brown Sugar dos Rolling Stones.
Brincámos com as mudanças de tempo e enchemos tudo com muitos arranjos de guitarra ao jeito de pergunta-resposta.
A canção fala de uma senhora muito amargurada por um homem que não soube cuidar dela e é um hino de esperança para todas as senhoras e meninas que foram magoadas.
Acaba com um coro à Hey jude numa progressão harmónica emprestada do Movin’on up dos Primal Scream com uma melodia nossa por cima. Não temos vergonha nenhuma de dizer isto.

Afinal
Só quando acabámos de gravar esta canção-poema é que nos apercebemos que tínhamos feito uma malha folk/southern rock. Esta não tem solos nem instrumentais como as outras. É a nossa canção mais chá-lá-lá.

Má Rês
Motorhead. Foi aos Motorhead que fomos buscar o som para a bateria e para o baixo. Esta música não levou nenhuma edição desde a estrutura feita em ensaios. A meio travamos a fundo no tempo, e retomamos para cantar o resto. Fala de meninas perfeitas, mimadas e fúteis que vivem para as aparências. E que são boas demais para nós.

Bandidos do Cais
O rastilho para escrever a “Bandidos do Cais” foi uma aventura boémia pelo Cais do Sodré, numa altura em que o surto de bares modernos na Rua Nova do Carvalho ainda não tinha acontecido. Tudo aquilo era muito caricatural, com diferentes tipos de espécies a povoar as diferentes alturas do dia. Era turistas pela manhã, distribuidores e empregados da restauração à tarde, malta nova que ia para os copos até às 2 da manhã e depois a cena virava com prostitutas e bandidagem por todo o lado. Sentia-se que se podia ser saqueado cada vez que se cruzava uma esquina por malfeitores tipo piratas quando estão em terra. E foi nesta imagem que se pegou para compor esta música. Acho que foi o último vestígio do antigo Cais do Sodré e achámos que merecia uma canção, uma espécie de trova popular mascarada de rock n’roll bem riffado e meio psicadélico, que retratasse esse Cais do Sodré a caminho da extinção.

Sinceramente
Esta canção foi a primeira a ser gravada, nos estúdios da Valentim de Carvalho, todos ao mesmo tempo. Por incrível que pareça, tem mais de 10 anos. A versão original era punk e foi escrita ainda na adolescência pelo João Miguel Matos, o nosso baixista, e tinha uma letra ligeiramente diferente e bastante hardcore. A letra tem três frases e é uma festa cada vez que a tocamos ao vivo. [ROCK | OUVIR]

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.