Jorge Roque_CAPA

Vencedor da Operação Triunfo 2010 (RTP), Jorge Roque acaba de editar o seu primeiro álbum a solo. Com o título de “Às Vezes”, o disco vai ser aqui descodificado pelo próprio Jorge Roque; faixa a faixa.

A PENA DE UM ELEFANTE
Este é dos temas que mais gozo me deu a fazer. Inicialmente composto à guitarra, é um dos temas mais fortes do álbum. O texto é de uma complexidade sentimental muito inquietante, o que contrasta com a leveza ou a ligeireza dos arranjos. Muito desprendidos da essência do texto, a base musical transporta o tema para outras influências que se misturam pelo disco fora. É um tema muito pessoal.

CORAÇÃO DE FITA-COLA
Num dos dias que saía da Berklee College of Music, em Boston, ao telefone com a minha namorada falávamos de algumas coisas. Lembro-me vagamente de falarmos em coração e em seguida qualquer coisa com fita-cola- nesse mesmo momento, antes de desligar o telefone, disse-lhe que acabara de me dar uma grande ideia para um tema. Um Coração ligado com fita-cola. Com pressa voltei à escola, corri para uma das cabines com piano acústico e compus a base do tema que hoje existe neste álbum.

DALLA
Esta composição foi feita substancialmente a pensar no compositor e cantautor italiano Lucio Dalla. É sem dúvida a grande inspiração na minha maneira de compor e de escrever. Nele como em mim, não há uma fórmula única de composição , nem tão pouco um estilo apenas. Depois de ter estado a muito pouco de o conhecer numa “trattoria”, aquando da minha visita a Bolonha, onde vão os boémios cantores bolonheses, resolvi compor esta canção depois da sua morte. Fica a homenagem de um dos autores que melhor conheço.

O HORIZONTE QUE NÃO HÁ
É um dos temas que mais gosto neste disco. Foi uma das músicas feitas antes de 2010 e tem um arranjo perfeito para a minha forma de cantar. É um tema com influências dos grandes clássicos americanos, e onde me sinto perfeitamente à vontade. Tem a singularidade, que para mim o distingue pela positiva, é cantado em português. E tem ainda uma curiosidade. Inicialmente a letra era da Rosa Lobato Faria, mas como os familiares demoraram algum tempo a permitir que eu usasse um poema seu, por sinal muito bonito, eu e a Eugénia Ramos escrevemos este texto num bar em Vendas Novas, durante uma pausa nas sessões de estúdio.

NASCER
Esta música, foi composta antes de 2009, e foi dedicada ao meu filho. Uma dedicatória suigéneris, com uma mensagem bem implícita, que não é fácil descortinar. Mas que provavelmente será transversal a todos os que já foram pais.

ÀS VEZES
É o tema que dá nome ao álbum. É o tema mais autobiográfico. Foi curiosamente um dos primeiros que compus e que por sinal demorou menos tempo. Cerca de uma hora. Letra e música no mesmo momento. De seguida enviei para o meu amigo e director musical que fez os arranjos para o piano. Sou um pianista frustrado (risos)

CAPITÃO VADIO
É o tema mais antigo do álbum. Foi dos primeiros a ser gravado e teve várias versões, e talvez por isso a maneira como está estruturado seja mais distante de todos os outros do disco. A letra é interessante.

ANJO OU DEMÓNIO
Foi um dos primeiros temas que compus ao piano a par de Às Vezes. De harmonia fácil, é um tema que optei por deixar sem refrão, pois a mensagem não precisa dele. A letra é bem melhor do que a música.

CRISE
Depois de já ter composto a maior parte dos temas do álbum, este tema encontrou a luz do dia, a partir das notícias que me chegavam todos os dias através dos telejornais. A crise dos nossos dias, transportada na história para uma mãe que, mesmo depois de trabalhar noite e dia, tem que se preocupar em alimentar os filhos e já não sabe como o fazer. Sobra apenas o que não tem preço, o amor que lhes dá.

UMA FRACÇÃO DE FAÍSCA
O meu produtor, Carlos Barreto Xavier, disse-me que tinha uma amiga que tinha umas letras excepcionais para as minhas músicas. Chegou até mim uma letra que andava à deriva, sem música para ela. E assim, surgiu este tema, juntamente com uma amizade e complementaridade com a Eugénia Ramos que escreve entre outros, para o Paulo Gonzo, e com quem tenho o privilégio de partilhar dois temas neste álbum.

QUALQUER DIA
Foi um tema que compus a caminho da residencial em Boston, que fazia todos os dias a pé. É uma simples troca de palavras que se encaminha para um relacionamento. A ideia era começar o verso seguinte com a palavra que terminara o anterior. Os arranjos são do Pedro Zagalo.

LUMARÉU
É um tema que conheço desde os meus 16 ou 17 anos. Conheço o autor, Rui Mareco, desde os meus 13 ou 14 anos. É um tema lindíssimo, que apenas tive o privilégio de poder interpretar com outra roupagem. Curiosamente é um tema inédito, esta é a primeira vez que chega ao grande público. [POP | OUVIR]

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.