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Keep Razors Sharp e o disco homónimo, faixa a faixa

Rui DinisRui Dinis

Capa Keep Razors Sharp

A notícia é fresquinha e diz-nos que os Keep Razors Sharp vão editar em vinil o seu homónimo e excelente álbum de 2014. O disco é editado dia 16 de Fevereiro pelo Rastilho Records e até lá estará em pré-venda no site da editora. Depois disso estará à venda nas melhores lojas da especialidade.

Formados por Afonso (Sean Riley & The Slowriders), Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão Fantasma) e Bibi (Pernas de Alicate), os Keep Razors Sharp mantém a versão em digital do disco disponível para download legal e gratuito – a edição é da NOS Discos.

THE LIONESS
Fez parte do último grupo de canções a serem escritas para o disco. Tem um ritmo bastante mais leve e encantatório do que a maioria das coisas que gravámos até hoje. Em termos de letra, toca bastantes assuntos e tem um espectro bastante alargado. De uma forma geral, fala da constante mudança interna, nossa e daqueles nos rodeiam… um pouco sobre gestão de expectativas também. Tudo isto é embrulhado por uma espécie de trama principal que tem a ver directamente com uma relação entre duas pessoas e que o lhes sucede – ou pode suceder – mediante todas essas mudanças e expectativas.

I SEE YOUR FACE
Uma das primeiras canções que escrevemos em KRS e daquelas com que ficámos satisfeitos desde o início. Talvez por isso, acabou por ser o nosso primeiro single. A ideia por trás da letra vem de um sentimento que a maioria de nós já experienciou. Há alturas em que nos parece que vemos pessoas que na verdade não estão lá. Acontece termos a ilusão de ver alguém numa multidão à noite, no metro em hora de ponta, à saída de um filme… e apesar de sabermos a verdade, não nos conseguimos controlar e temos que olhar uma e outra vez para nos certificarmos se é mesmo real ou apenas um truque da nossa mente. Muitas vezes essas mesmas pessoas aparecem-nos também em sonhos. Há bons e maus motivos pelos quais isso acontece e a canção explora as duas hipóteses.

BY THE SEA
Eu (Afonso) e o Rai fomos uns dias para Sul na tentativa de encontrar tempo e oportunidade para escrever. Os dias eram passados a tentar apanhar umas ondas, passear de carro e beber umas cervejas. À noite puxávamos das guitarras e escrevíamos, numa pequena casa com um terraço virado para o mar. A canção transmite Amor para com as pessoas que estavam ao nosso lado. Uma certa ideia de conforto resultante da companhia certa num dado momento. Reflecte também a ideia de estar fora da “grande cidade”, a olhar para ela a partir de um sítio diferente. Tudo tem o seu encanto, a costa, a cidade… e é um bocadinho a beleza dessas duas realidades paralelas que se tenta encontrar aqui. Também ao nível do ritmo e da atmosfera procurámos algo relaxante, como se fossem aqueles 5 minutos que ficamos a olhar o mar em que tudo parece baixar de ritmo.

9TH
Foi um nosso 2º single e uma canção que ficou gravada logo na nossa primeira sessão de estúdio com o Nuno Roque. Passámos um dia incrível a rodar o vídeo. Boas memórias… A letra é bastante clara. Alguém anda meio desaparecido e quer manter as coisas assim, evitando responder a perguntas desnecessárias.

KRS

WAITING GAME
Das canções que figuram no disco, foi a primeira canção que cantei. Retrata a passagem pelo mesmo local, onde antigos vícios residem, e espreitam a cada esquina. A dificuldade de enfrentar diariamente fantasmas do passado. Uma conversa ao espelho. Umas das primeiras canções onde o Bibi colocou o seu cunho.

FIVE MILES
É uma canção já bastante “antiga” também. É das poucas da fase inicial da banda que ainda mantemos. É uma história… uma história focada principalmente na capacidade de concentração necessária para ultrapassar determinados obstáculos. Por vezes sentimos que não estamos na melhor forma física, mas temos que aguentar caminhadas de muitos quilómetros.

SALT FLATS
É uma canção que foi escrita como uma espécie de intro para a Cold Feet. Nunca tinha sido pensada como uma faixa isolada até fecharmos as gravações e começarmos a trabalhar no alinhamento. Foi decidido na altura que faria mais sentido passar a sê-lo e o nome veio directamente da imagem que tinha na cabeça quando ouvia a música. Luz branca, aridez e uma extensão infindável de “nada”.

COLD FEET
A canção – salvo erro – foi construída a partir da frase de guitarra e do ritmo de bateria. Gosto muito do facto de haver uma desaceleração a dada altura e de praticamente entrarmos numa nova canção (principalmente se pensarmos que na prática a viagem começa no inicio da Salt Flats). Tenho assistido a uma tendência recorrente de pessoas que se separam apenas para voltarem a estar juntas uns tempos mais tarde. A canção explora um pouco essa ideia. Porque será que acontece? Culpa, arrependimento, dificuldade em encontrar alternativas mais satisfatórias, facilitismo?… Talvez seja um pouco de tudo isso, ou talvez seja bem mais simples. As pessoas gostam mais umas das outras nuns momentos que noutros. E é isso.

SURE THING
Recordo-me que quando estávamos a compor a canção, alguém disse: “Epá, vamos ficar este tempo todo nesta nota?” referindo-se à introdução. A resposta foi: “Porque não?” e assim foi. É uma canção de escape. Da necessidade de te afirmares, perante todas as adversidades que o dia-a-dia te traz. Abreviando: “que se foda isto”.

AFRICA ON ICE
Tema absolutamente camaleónico. Está connosco há bastante e já assumiu várias formas. Por norma, ao vivo, tem o dobro da duração mas fizemos questão de criar uma nova estrutura para funcionar melhor em disco. Tal como diferentes formas, também já teve vários nomes. Este último foi dado pelo Makoto.

SCARS & BONES
Foi a última canção a ser feita. Quando a levámos para estúdio ainda não tinha letra, à excepção do refrão, que saiu instantaneamente. O ambiente sempre me levou para mares escuros, perigosos. Ambiente tempestuoso. No fundo o que pode ser uma relação longa entre duas pessoas que se amam, como se amava antigamente. A introdução e a parte instrumental final foi toda improvisada em estúdio pelo Afonso, inundado em pedais. Até hoje oiço baleias naquele final.

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Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.