Estejamos prontos para mais uma interessante viagem pelos novos sons da pop portuguesa. Estes chamam-se oLUDO.

Não são raras as discussões, muitas vezes teóricas, em torno da complexidade do conceito de ser pop. São discussões que geralmente encalham naquele ponto de difícil localização em que o seriamente pop se atravessa no caminho do dubiamente pop. Não tem a ver com um questão de genuinidade, até podem ambos tê-la, tem essencialmente a ver com a forma como se transforma a complexidade de uma música e de um texto em algo de assimulação fácil, agradável e natural. Mesmo não sendo de assimilação imediata. E “Almirante” não se assimila imediatamente.

O álbum de estreia dos algarvios oLUDO nem é de todo uma surpresa, particularmente para quem já conhece os anteriores EPs, “Nascituro” (Edição de Autor, 2009) e “Mil Tentações” (Optimus Discos, 2010). Não sendo surpreendente, acaba, felizmente, por confirmar aquilo que na verdade já sabíamos. Que os oLUDO são um dos nomes mais interessantes da actual pop nacional. Daquela pop que sente, sonha, ama, que chora mas que acima de tudo se expressa em bom português. E aqui, isso é mesmo importante.

É assim que este Almirante se expressa, personagem metafórica sobre o mais velho e experiente dos marinheiros, homem viajado, vivido, repositório das histórias de vida de Davide (vozes e guitarras), João Baptista (guitarras e vozes), Nuno Campos (piano e teclados), Paulo Ferreirim (baixo) e Filipe Cabeçadas (bateria). São eles, os oLUDO.

“Almirante” é como o livro de bordo onde se relatam as estórias do dia-a-dia,  as aventuras e desventuras dos dias e das noites, os amores e as agruras da vida – deles e de todos nós. São momentos de hoje e de amanhã, os momento da vida que em alguma altura todos vivemos ou acabaremos por viver. Os oLUDO cantam esses momentos, com poesia simples, directa mas cuidada. Fazem-no com um som eternamente melodioso, fruto de uma construção instrumental bastante abrangente e sedutora. E não é apenas com o clássico pop-rock da voz, bateria, guitarra e baixo. Em “Almirante”, e para além do piano e dos teclados de Nuno Campos, ouvem-se também  os instrumentos de alguns importantes convidados: o trompete de Albano Neto; o trombone de Ruben Silva; o acordeão de Paulo Machado na bela “A minha grande culpa”.  No fim, sobra um grande disco pop.

“Fica não te vás daqui” é a canção de apresentação do mais recente trabalho dos oLUDO. O disco está disponível para audição e para download legal e gratuito.

oLUDO – “Almirante” (Edição de Autor, 2011) | POP-ROCK | Ouvir e Download Legal de “Almirante”
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By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.