Spinifex apela ao espanto constante e “Hipsters Gone Ballistic” (Spinifex, Trytone Records, 2013) é a sua prova de fogo. Tudo, com uma brutalidade que atordoa. Tudo é violento em “Hipsters Gone Ballistic”, da turbulenta desconstrução que impera do início ao fim, à complexidade das dinâmicas que são criadas. O óbvio não existe em Spinifex, e não basta apenas falar em improvisação, em liberdade e criatividade pura. Aliás, vale a pena aprofundar a questão da criatividade. Mais do que se defenderem atrás do escudo protector do free jazz, os Spinifex sobressaem pela forma desprendida e original como cruzam inúmeras influências e estilos, tão diferentes e tão iguais. Há muito groove e descortinam-se até curiosas passagens de uma sonoridade mais metal. As estruturas variadas e invariavelmente irregulares, fazem do som dos Spinifex um saudável e selvagem banquete sonoro. Projecto sediado na Holanda e formado por Gijs Levelt (trompete), Tobias Klein (saxofone alto), Jasper Stadhouders (guitarra), Philipp Moser (bateria) e pelo português Gonçalo Almeida (baixo), os Spinifex são duros de roer. Mas no fim, é só prazer. [OUVIR]