“Walden Pond’s Monk” marca e é marcado por alguns encontros; marca o nosso encontro com Tiago Sousa; e é marcado pelo encontro de Tiago Sousa consigo mesmo. E não que o músico andasse perdido, ou coisa parecida, nada disso. Depois de recuar no tempo, sensivelmente até ao anterior “Insónia” (Humming Conch, 2009) – com João Correia, percebemos que já aí Tiago Sousa tinha como que um encontro marcado consigo mesmo. Deu-se dois anos depois. Em “Walden Pond’s Monk”, Tiago Sousa dá passos largos em direcção à finalização de um processo de auto-conhecimento. E fá-lo despertado pela filosofia de Henry David Thoreau, por uma filosofia de justiça, liberdade e de respeito pela natureza. “Walden Pond’s Monk” é uma homenagem ao autor norte-americano. Pergunta-se: Como pode uma ideologia expressar-se artisticamente?
O som que sai das teclas de Tiago Sousa não é sempre de uma complexidade superior, no entanto, é essa simplicidade e a pouca formalidade que primeiro cativam no novo disco de Tiago Sousa. Depois, é todo um forte e contínuo estado emocional. São momentos de libertação, aqueles que levam a música de Tiago Sousa a cruzar o céu num fogacho de prazer experimental e improvisado. Uma palavra especial para todas as novas cores que nos são trazidas por Ricardo Ribeiro (clarinete) e Baltazar Molina (percussão). Também são parte da diferença. É extraordinário este confronto feito de monólogos e diálogos, geralmente, parte de uma mesma história. Numa estética que se completa, “Walden Pond’s Monk” cria uma contemporaneidade muito própria. Libertadora; sensorial; absoluta. São quatro faixas em pouco mais de meia-hora de puro deleite.
Mas será que encontrámos mesmo o verdadeiro Tiago Sousa? Claro que sim, mas há tanto por explorar. Felizmente.
“Walden Pond’s Monk” – Tiago Sousa (Immune Recordings, 2011)
| CONTEMPORÂNEA |
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[…] em definitivo consigo mesmo. Depois de algumas ameaças levadas a cabo com o anterior “Walden Pond’s Monk” (Immune Recordings, 2011), Tiago Sousa ensaia em “Samsara” (Immune Recordings, […]