Semeia
pés-raízes na terra
mãos de foice e frutos
Conquista
Avança
flecha de fogo
a madrugar horizonte” (“Muralha de Ombros”)
Não será porventura o melhor disco do Trovante, é certo – “Baile no Bosque” (1981) é grande, parece maior, no entanto, não deixa de ser também esta uma peça importante, quanto mais não seja por ser o primeiro álbum do histórico grupo.
Fundado em 1976, neste disco formado por João Nuno Represas – percussão, flautas e voz, Luís Represas – viola, bandolim, percussão e voz, Manuel Faria – piano, sintetizador e voz – e João Gil – viola, bandolim, percussão e voz, o Trovante tem em “Chão Nosso” (1977) um documento bem característico do tempo que o fez nascer. É um documento fortemente marcado pelo seu carácter de intervenção política – quase óbvio naqueles tempos. Por outro lado, é através da música tradicional portuguesa que o Trovante procurou dar cor aos poemas que Francisco Viana um dia criou – e tão bem. Do cante alentejano de “Chão Nosso” à bela homenagem a José Dias Coelho com o tema “À Flor da Vida”, há toda uma componente política a gritar por entre o ressoar tão tradicional deste jovem Trovante.
O Pontapé de saída; sincero, inocente e socialmente implicado, eis mais um disco nascido do mergulho voluntário no combate político do pós-25 de Abril de 74; grito de revolta de um país há tanto amarrado, amordaçado. Escuro.
São recordações! Que é preciso não esquecer.
“Chão Nosso” – Grupo Trovante (LP, Sassetti, 1977; Reed. 2002)
01 Alto e bom som
02 Chão nosso
03 Hoje
04 Igual ao mesmo
05 Engrenagem
06 Mais e mais, agora
07 À Flor da vida (à memoria de José Dias Coelho assassinado pela PIDE)
08 Amanhecendo
-Razão e sede
-Amanhecendo
09. Muralha de ombros
Tradicional
Biografia do Trovante no Anos 80