Já em tempos iniciei um post sobre José Cid; iniciei…entretanto, a leitura da “A Arte Eléctrica de Ser Português” voltou a dar-me algum fôlego para escrever algo sobre essa figura camaleónica, inconstante, às vezes inconsequente, paradoxal mas absolutamente central no lançamento do rock feito em Portugal. Como muitos, só o soube algum tempo depois, as primeiras recordações do artista têm mais a ver com cabanas, Anitas, portuguesas bonitas, macacos e outros que tais. Adiante…
Ontem, recordei “Vida (Sons do Quotidiano)”, um EP conceptual lançado em 1977, uma espécie de ensaio para a obra-prima do rock progressivo que surgiria no ano seguinte:”10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte” (Orfeu, 1978). No seguimento, em termos estéticos, do extraordinário “Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas – Obra-Ensaio de José Cid” (Decca, VC, 1974) do Quarteto 1111, surge “Vida” (Sons do Quotidiano), um tema de 12 minutos, dividido pelos dois lados do vinil, onde Cid, Scarpa, Carrapa & Nabo, nos oferecem uma pequena e fascinante obra sinfónica. O tema segue o rumo da vida; do nascimento – relatado por um médico enquanto faz o parto – até à morte, num audível desastre de automóvel. Está tudo lá, a magia prog dos teclados, o moog, o mellotron, a voz em estrondo de Cid, a bateria de Guilherme Scarpa Inês, a guitarra de José Carrapa e um grande trabalho de baixo de Zé Nabo. Uma excelente amostra para o que ainda estava para vir; José Cid no seu melhor.
O tema aparece também incluído, como bónus, na edição da norte-americana Art Sublime para “10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte”.

capa de sit on my soul
“Vida (Sons do quotidiano)” – José Cid (Decca, 1977) | capa surripiada ao RockEm Portugal.

tipo Rock Progressivo
sítio www.josecid.com

ACTUALIZADO

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.