Em ano de mais um novo e grande disco, “A Rose Is a Rose Is a Rose” [ouvir] , Old Jerusalem será a razão de mais um super-especial n’a trompa. Será o próprio Francisco Silva a falar-nos sobre a sua música, sobre os seus discos, sobre esses dias de feliz criação. A trompa dá o mote, o artista continua…

oldjerusalem2011

2011
“Old Jerusalem” – Old Jerusalem (PAD)

No ano em que a onda revolucionária de manifestações e protestos continuaram a ocorrer no Oriente Médio e no Norte da África, conhecido por Primavera Árabe, Old Jerusalem

…por volta de 2010 os meus amigos peixe:avião (de que é baterista o Pedro Oliveira, que também percute peles em Old Jerusalem) decidiram, em conjunto com o seu manager na altura, formar um colectivo de músicos que se dedicaria a tratar dos assuntos das bandas a ele associadas – a PAD. No fundo, uma espécie de iniciativa cooperativa que funcionaria como editora, agência de concertos, management, etc, de acordo com as necessidades e conveniências das bandas que formavam parte do colectivo. Old Jerusalem poderia beneficiar claramente desta iniciativa e o disco “Old Jerusalem”, em que estava já a trabalhar, acabaria por ser editado em colaboração com a PAD em Setembro de 2011. A par disto, a PAD assume também desde aí o agenciamento de Old Jerusalem, numa colaboração que se mantém até hoje.
O disco “Old Jerusalem” funcionou como uma espécie de regresso às raízes mais profundas do projecto. Um pouco como reacção ao progressivo crescimento do som de Old Jerusalem, este disco sem título acabou por ser deliberadamente realizado apenas por mim, contando, como sempre, com a colaboração técnica (mas não só) do Paulo Miranda do AMP Estúdio. No fundo, regressávamos ao início de Old Jerusalem – as canções foram inteiramente interpretadas por mim, sem colaborações externas, tentando arranjar soluções que lhes permitissem viver nesse contexto estético “ensimesmado”. O disco foi por isso entendido na altura como um álbum “despido”, o que objectivamente não é uma descrição muito precisa da música. De facto, um disco totalmente despojado de Old Jerusalem ainda estará para vir, e ainda que eu seja o único músico presente neste trabalho, em temos sonoros não pode dizer-se que haja pouca coisa a acontecer – em alguns casos até pelo contrário.
Por esta altura estabelecemos alguns contactos no exterior, que levaram a que o disco viesse a ser distribuído na Alemanha. No entanto, embora tenha – surpreendentemente – vendido um par de centenas de cópias neste país, a dificuldade que representava organizar e promover apresentações ao vivo neste mercado (era necessário ter disponibilidade para uma tournée “a sério”, o que me era impossível de fazer, e menos do que isso acabava por inviabilizar financeiramente as acções dos promotores locais – mais um assunto em que aprendemos alguma coisa ☺) fez com que esta tentativa “exploratória” de contactos no exterior acabasse por não passar disso mesmo: uma experiência. Potenciou no entanto alguns contactos e demonstrou que não era impossível com esta música interessar alguns “players” de referência. Se isso gera frutos concretos para o futuro, é no mínimo incerto. Mas o caminho, como se costuma dizer, faz-se andando.

Francisco Silva

Artigos anteriores:
Old Jerusalem & Alla Polacca em “Old & Alla” (2002) – LER
Old Jerusalem em “April” (2003) – LER
Old Jerusalem em “Twice the Humbling Sun” (2005) – LER
Old Jerusalem, Bruno Duarte e Puny em “Splitted” (2006) – LER
Old Jerusalem em “The Temple Bell” (2007) – LER
Old Jerusalem em “Two Birds Blessing” (2009) – LER

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.