Uma explosão pop, fluida, generosamente agridoce; por vezes, um verdadeiro mistério.
“Guta Naki” é como cortar a direito pelos caminhos mais ou menos tortos de uma pop nem sempre muito óbvia. Quase ao mesmo tempo, é igualmente alimentada por uma vontade de percorrer em desvairo alguns caminhos mais alternativos. E fá-lo. Tudo parece ter sido construído na medida certa sem que isso em certa medida tenda para a banalidade. Em certa medida, tudo acaba por nos ser oferecido na medida certa, no tempo certo, sem que isso evite que os Guta Naki caminhem quase sempre pelo limbo, pela linha que separa o abismo da multidão. Mas caminham seguros.
No limbo, assertivamente, com arranjos feitos de um manto de adereços sonoros, programações várias que ajudam a construir um universo rico ao qual a voz de Cátia Pereira dá substância – a mesma medida certa de bom gosto. Dá coerência, com uma voz encorpada, versátil, capaz de sopros angelicais e ao mesmo tempo bradar diabolicamente; mas sempre numa serenidade controlada, harmoniosa, elementos da suave pop dos Guta Naki. Uma coerência vigiada por Dinis Pires (baixo e melódica) e Nuno Palma (guitarra, teclados e programações), as outras pontas de um triângulo devotado à causa da canção pop urbana de expressão portuguesa. São palavras bem medidas, com sentido, letras articuladas sobre uma fina camada de luminosa electrónica.
E assim vai soando a nova e moderna pop lusa. Fresca e disponível, capaz de fechar os olhos e sonhar ou, de repente, abrir as asas e voar. Deixem os Guta Naki voar.
“Guta Naki” – Guta Naki (Meifumado, 2010)
01 Caixa
02 Blues
03 Loseyland
04 Cantiga de Amigo
05 Clark Nova (Metal House)
06 Margarida
07 Novo Mundo
08 A Meias com Miller
09 Volúpia do Aborrecimento
10 Vizinha
11 Quando me for
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