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Sempre bem vindo, “Donkey” é o novíssimo álbum dos Nobody’s Bizness. A trompa perguntou e eles responderam; faixa a faixa:

Evil Bound – Esta nossa cowboy-ada/ descida aos infernos (riscar o que não interessa) nasce de uma linha que o Luís F. tocava sempre em Sol, até o Pedro se lembrar de meter ali um Fá :D. O que a abrilhanta é a bateria improvisada do Pedro Oliveira (peixe:avião, Dear Telephone), tarola, caixas de guitarras, muitas mantas, uma washboard e a genialidade do nosso amigo mais acelerado de sempre.

Mister Simon – Na primeira encarnação deste tema (que vai para aí na décima quinta!), a melodia lembrou-nos de um dos nossos professores maiores, o Paul Simon. Ainda que a influência possa já não aparecer de forma tão direta, esta é a nossa homenagem a ele, o homem a quem todos gostaríamos de dar beijinhos. :>

The Greatest Fool – Gravámos uma primeira versão deste tema, a que chamámos Seed. À primeira audição ficámos arrepiados com o que parecia ser uma coisa gravada pela Miley Cyrus antes de começar a tirar a roupa. Num ensaio em que não estávamos todos, de forma muito pouco democrática e sem o conhecimento do produtor Paulo Miranda, decidimos desacelerar tudo para ver no que dava. Assim nasce um dos nossos temas favoritos, da pastilha elástica à valsa em duas horas, cujo nome foi escolhido pelos fãs através da página do facebook.

Married by Fall – Este tema nasce de uma malha perdida do Luís F.  de que a Petra e o Pedro se lembraram quando já estávamos numa fase final de gravações com músicas a menos para o disco. Gostamos de pensar, despudoradamente imodestos, que se o Cole Porter fosse português, faria qualquer coisa assim, com um final a subir como se ouve no fado. E o início não é um sample! Somos nós em speed mode!

Señorita Carolina – Com este apanhámos o barco em Dublin, mas fomos sair ao México sem saber como! Inicialmente era uma brincadeira celta, mas a rapariga Carolina apareceu à Petra num sonho e arrastou-nos para uma fuga de uma casa senhorial nas plantações de algodão até Tijuana, terra de boa tequilla.  Ainda não sabemos como é que isto aconteceu.

donkey

Donkey – Desde que nasceu a ideia do disco que queríamos falar dos burros que conhecemos na Associação Burricadas e dos bravos que os ajudam. O Luís F. tinha um bandolim a ganhar pó há muitos anos e decidiu aprender (literalmente) a tocá-lo para este tema. Esperamos que os burros gostem, já que este é mesmo para eles.

Unknown Adress (return to sender) – É impossível falar neste tema sem referir o trabalho magistral do Paulo Miranda. Para citá-lo, este é um mini Le Noise, é o momento Daniel Lanois do disco. Sem ele (e sem o baixo do Luís O. duas oitavas abaixo), este tema era só mais um a falar de gente chata que não larga ombros pouco disponíveis ao choro alheio.

People I Wish For – É o único sobrevivente das primeiras gravações para o disco, quando a formação da Nobody’s Bizness ainda era de 6 pessoas a ficar intacto. Representa a fase de transição entre o que fomos e aquilo que queremos ser e foi também por isso a escolha lógica para single.

Riddin’ Nowhere – É, como o próprio nome já o diz, uma viagem de carro não se sabe bem de onde nem para onde. O Pedro já o trouxe até nós, assim embrulhado e a cheirar a vidro de carro aberto e mãos a bater no volante. Ou no guiador da bicicleta, se preferirem. Ou no cajado. Ou nos ténis de corrida. Ou…enfim, a ideia é a viagem.

The Coldest of Days – É a nossa canção de embalar, tornada assombrosa pelas vozes do Francisco Silva (Old Jerusalem). Foram gravadas sem sabermos de nada e só as ouvimos quando já estávamos na fase da masterização, sem qualquer indicação de que ali estariam ou que existiam. São as vozes mais bonitas do mundo e não podíamos encerrar o disco de forma mais intensa. Acho que todos choramos um bocadinho sempre que a ouvimos. [BLUES | OUVIR]

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.