OLHARES|"What Is" – Ölga

… onde o equilíbrio entre o intimismo e a densidade das linhas sonoras se alimentam de nota em nota…

Não há que temer, é colocar o dedo sobre o play, fechar os olhos e…ir por aí.
Para lá de uma certa maneira, algo formal, de fazer rock, seja lá o que isso fôr, está uma outra ideia de descoberta, de fantasia sónica. Uma outra forma de passar a mensagem através de um som, de uma música, de um rol de músicas. Os Ölga existem desde 2001 e desde daí, com dois discos na algibeira e mesmo com algumas diferenças de perspectiva, a arte dos Ölga tem sido em si, uma das maiores surpresas da cena musical tocada em português. Sim, disse tocada em português e esqueci-me de dizer moderna. “What Is” é uma experiência de rock diferente e também por isso, obriga-nos a abordá-la de uma forma diferente, arriscaria a dizer, de espírito aberto. Um complexo jogo de luzes.
O trio lisboeta composto por Diogo Luiz, João Hipólito e João Teotónio, oferece-nos um disco de rara poesia instrumental, onde, naturalmente, o palco ambiental por onde tudo passa, se enche de momentos onde o equilíbrio entre o intimismo e a densidade das linhas sonoras se alimentam de nota em nota até um fim mais ou menos inesperado. “What Is” é uma enérgica experiência sensorial; real, pela forma como nos alerta os sentidos, como o power das guitarras, o ritmo da bateria e a certeza dos samples se combinam numa êxperiência feita de criatividade. Todos os sentidos. A feliz instrumentalização dos temas e a quase inexistência da palavra, obriga-nos a um esforço de entendimento curioso, que nem é difícil, mas que nos leva a tocar aquele espaço, a senti-lo, a saborear aquele momento, feito de sabores de todas as cores irradiado por um complexo jogo de luzes. Do rock alternativo – mais ou menos explícito – de “Money” ou “Micro Nice”, ao excelente “The Hunt”, de corte indígena, ao denso suavemente entrecortado “Hassana”, passando pelo belo, profundo e sensorial “Maria”, estes três, de tez marcadamente experimental, “What Is” vive de uma harmonia em constante sobressalto, nascido em improvisação constante.
“Experimentalismo, improvisação, repetição e psicadelismo são pegadas de um trilho ainda a percorrer” (Fonte: www.olgamusic.com).

No sítio da Bor Land podem ser ouvidos os temas “Money”, “Micro Nice” e “Cube”.