Reflexões soltas despertadas por isto e por aquilo…
1 “Floribella – Flor
2 “Original” – D’ZRT
3 “Eu Aqui” – FF
Para os mais distraídos, este é o top oficial de vendas da Associação Fonográfica Portuguesa – semana 26; outra vez para os mais distraídos, todos eles, produtos lançados por telenovelas nacionais. Não sendo nova a discussão por estas bandas, ganhou esta semana, efectivamente, contornos absolutamente extraordinários: Flor, D’ZRT e FF dominam esmagadoramente o top de vendas nacional.
Pergunto-me, que tarefa titânica – ou não, pelo facilitismo educativo também habitual, infelizmente – terão os atentos encarregados de educação de hoje concluir para não sucumbir a toda a pressão social exercida por esta nova metodologia de sustentabilidade das televisões nacionais; poder, às vezes, perfidamente exercido em nome de uma cultura que apenas pretende a sua sustentação económica (não querendo ser demasiado ingénuo, lei da oferta e procura e tal…). Nem sei se os miúdos metidos ao barulho têm alguma culpa, acredito que se agitam por um sonho…
Agora a lengalenga: numa sociedade cada vez mais manca de valores, mais global e fria, avidamente consumista e fundamentada numa construção social pervertida, as televisões perceberam melhor do que ninguém o que fazer e vendem um grupo musical como vendem um concurso televisivo, um detergente ou um champô – serviço completo. Esta tem sido a linha de actuação desde algum tempo da TVI, com os “Morangos com Açucar”, e é também agora a da SIC, com a telenovela “Floribella” – com a maior cara de pau e sucesso. O entretenimento infanto-juvenil.
Neste sentido, percebe-se facilmente que as telenovelas têm sido apenas o ponto de partida. Não tendo à partida qualquer preconceito para com este tipo de produto, nem perdendo tempo a discutir se é música ou não é, se é boa ou má – sempre existiu e existirá e para alguma coisa servirá – critico essencialmente é a pressão exercida, o pouco espaço, físico e de discussão, deixado vago para outras respostas musicais; não deixando no entanto, de considerar estas respostas de algo sem alma, vazias, transparentes, sempre luminosas como a realidade desejada e criada apenas com intuitos meramente mercantis; pior, extremamente aditiva.
Já se percebeu que as telenovelas podem ajudar ou mesmo promover o lançamento e divulgação de novos e velhos artistas; Boss AC será o caso mais extremo mas mesmo Serial, viu o seu êxito “Brilhantes Diamantes” ser entoado por um Coliseu cheio. Os próprios Mesa e Toranja viram a sua música ser promovida por este meio. Não sei quem manda nisto e finjo não saber como as coisas funcionam, no entanto, obviamente, não espero que as telenovelas divulguem o punk hardcore ou grindcore nacionais, sonhava apenas com uma maior visão e abertura na divulgação dos novos e bons projectos pop-rock que por ai deambulam. Infelizmente, imagino que as pequenas editoras tenham pouco poder para levar as suas edições a esse patamar de exposição, mas se assim é, que sirva pelo menos para as major apostarem em novos nomes em vez das eternas recriações ou segundas edições já arriscadas por outros.
Isto, para dizer também que não me escandaliza o papel que as telenovelas podem ter no lançamento ou re-lançamento de alguma da música portuguesa; e não me escandaliza desde que seja concretizado com seriedade, acima de tudo, com projectos vivos e baseados na qualidade. Se a televisão pode ter um papel importante na educação musical de uma população – como penso que pode ter, que o tenha, mas com equilíbrio e justiça.
Como se safam os “pais trompistas” ao assédio dos filhotes de olhar esbugalhado e até choroso, de dedo esticado para estante da discoteca, gritando:
– olha pai, olha pai, é o FF, o FF, compra, compra, vá lá…
Assisti há dias numa das fnac, que pressão…e não vai ficar por aqui, já aí vêm os 4Taste.
O pai, esse, lá comprou o CD.
1 “Floribella – Flor
2 “Original” – D’ZRT
3 “Eu Aqui” – FF
Para os mais distraídos, este é o top oficial de vendas da Associação Fonográfica Portuguesa – semana 26; outra vez para os mais distraídos, todos eles, produtos lançados por telenovelas nacionais. Não sendo nova a discussão por estas bandas, ganhou esta semana, efectivamente, contornos absolutamente extraordinários: Flor, D’ZRT e FF dominam esmagadoramente o top de vendas nacional.
Pergunto-me, que tarefa titânica – ou não, pelo facilitismo educativo também habitual, infelizmente – terão os atentos encarregados de educação de hoje concluir para não sucumbir a toda a pressão social exercida por esta nova metodologia de sustentabilidade das televisões nacionais; poder, às vezes, perfidamente exercido em nome de uma cultura que apenas pretende a sua sustentação económica (não querendo ser demasiado ingénuo, lei da oferta e procura e tal…). Nem sei se os miúdos metidos ao barulho têm alguma culpa, acredito que se agitam por um sonho…
Agora a lengalenga: numa sociedade cada vez mais manca de valores, mais global e fria, avidamente consumista e fundamentada numa construção social pervertida, as televisões perceberam melhor do que ninguém o que fazer e vendem um grupo musical como vendem um concurso televisivo, um detergente ou um champô – serviço completo. Esta tem sido a linha de actuação desde algum tempo da TVI, com os “Morangos com Açucar”, e é também agora a da SIC, com a telenovela “Floribella” – com a maior cara de pau e sucesso. O entretenimento infanto-juvenil.
Neste sentido, percebe-se facilmente que as telenovelas têm sido apenas o ponto de partida. Não tendo à partida qualquer preconceito para com este tipo de produto, nem perdendo tempo a discutir se é música ou não é, se é boa ou má – sempre existiu e existirá e para alguma coisa servirá – critico essencialmente é a pressão exercida, o pouco espaço, físico e de discussão, deixado vago para outras respostas musicais; não deixando no entanto, de considerar estas respostas de algo sem alma, vazias, transparentes, sempre luminosas como a realidade desejada e criada apenas com intuitos meramente mercantis; pior, extremamente aditiva.
Já se percebeu que as telenovelas podem ajudar ou mesmo promover o lançamento e divulgação de novos e velhos artistas; Boss AC será o caso mais extremo mas mesmo Serial, viu o seu êxito “Brilhantes Diamantes” ser entoado por um Coliseu cheio. Os próprios Mesa e Toranja viram a sua música ser promovida por este meio. Não sei quem manda nisto e finjo não saber como as coisas funcionam, no entanto, obviamente, não espero que as telenovelas divulguem o punk hardcore ou grindcore nacionais, sonhava apenas com uma maior visão e abertura na divulgação dos novos e bons projectos pop-rock que por ai deambulam. Infelizmente, imagino que as pequenas editoras tenham pouco poder para levar as suas edições a esse patamar de exposição, mas se assim é, que sirva pelo menos para as major apostarem em novos nomes em vez das eternas recriações ou segundas edições já arriscadas por outros.
Isto, para dizer também que não me escandaliza o papel que as telenovelas podem ter no lançamento ou re-lançamento de alguma da música portuguesa; e não me escandaliza desde que seja concretizado com seriedade, acima de tudo, com projectos vivos e baseados na qualidade. Se a televisão pode ter um papel importante na educação musical de uma população – como penso que pode ter, que o tenha, mas com equilíbrio e justiça.
Como se safam os “pais trompistas” ao assédio dos filhotes de olhar esbugalhado e até choroso, de dedo esticado para estante da discoteca, gritando:
– olha pai, olha pai, é o FF, o FF, compra, compra, vá lá…
Assisti há dias numa das fnac, que pressão…e não vai ficar por aqui, já aí vêm os 4Taste.
O pai, esse, lá comprou o CD.