A rubrica Editoras Online leva-nos hoje a parar na Major Label Industries. Fernando Reis faz as honras da casa:

1. Desde quando existe a Major Label Industries e como surgiu a ideia de a criar?
A Major Label Industries existe desde 2006, ano em que editámos o álbum de estreia dos Process Of Guilt, “Renounce”. E foi precisamente por vermos uma banda com a qualidade e a margem de progressão dos Process Of Guilt sem editora que decidimos criar uma plataforma de edição e divulgação de grupos portugueses como eles. Tendo Portugal um mercado naturalmente limitado em termos de público, as bandas nacionais ficam à partida em desvantagem perante as grandes editoras lá fora. Se uma editora alemã como a Metal Blade tem garantia que uma jovem banda alemã consegue vender à partida 2000/3000 cópias e fazer uma digressão no seu país com custos reduzidos a tocar para salas cheias, porque há-de apostar numa banda portuguesa, para a qual o target no país de origem é de 500 cópias no máximo, que toca para salas de 50 pessoas e que tem que apanhar aviões ou conduzir milhares de quilómetros para ir tocar a mercados-chave como a Alemanha ou Reino Unido? É tudo uma questão de contas. Depois, se a qualidade da música for boa, melhor ainda. Mas essa não é a questão principal para essas editoras/empresas. É por isso que vemos bandas parecidas com os Blacksunrise, Process Of Guilt, Men Eater, etc, chegarem longe na Europa, com apenas uma porção da qualidade das “nossas” bandas.

2. Em que géneros musicais se movimenta a Major Label Industries?
Tendo sido os dois primeiros lançamentos as estreias dos Process Of Guilt e [Before The Rain], ficámos rapidamente associados a uma vertente death/doom melancólico que nos assenta, sim senhor, mas que não nos define na totalidade. É por isso que temos também discos de crust/thrash (Simbiose), death metal técnico (Concealment), metal progressivo (Oblique Rain), metal étnico (The Firstborn), hardcore (E.A.K.), death/groove (Crushing Sun), pós-doom (Löbo) e thrash melancólico (Head:Stoned) no nosso catálogo. Basicamente, editamos os discos que, se fossem editados por outras “casa” acabaríamos por comprar. Aquilo de que gostamos, na prática. E como os nossos gostos são muito versáteis…

3. Que balanço fazem do ano de 2010 em termos editoriais?
2010 foi um bom ano para a MLI. Começámos o ano a editar um split de Simbiose e Agathocles que vínhamos adiando há algum tempo e passámos logo para um dos mais promissores nomes da editora: os Löbo. Com O EP de estreia, “Älma”, o grupo lisboeta entrou no mapa mundial das bandas relevantes de pós-doom/metal instrumental e obteve grandes críticas por parte da imprensa especializada. Depois, foram as estreias em álbum dos Mourning Lenore e Crushing Sun. Os primeiros com uma espécie de doom extremamente melancólico que se socorre de prog-metal e rock psicadélico para melhorar os temas e que resultou muito bem em termos de vendas. O segundo de uma banda que é um autêntico mamute ao vivo, algures entre Gojira e Lamb Of God e que é “só” a mais promissora jovem banda portuguesa do momento. A prová-lo, está o facto de “TAO”, o seu disco, ter sido disco do ano para o staff da revista LOUD! Em 2010.

4. Tem sido de alguma forma importante a presença online da editora? Porquê?
A presença online da editora é fulcral. Dá-nos visibilidade e permite-nos divulgar informação para todo o mundo e criar sinergia com a promoção que fazemos. Na prática, quando um leitor de uma revista eslovaca, por exemplo, lê algo sobre uma banda nossa, faz uma pesquisa, gosta dela e decide comprar o disco, a primeira coisa que vai procurar é o site da editora. E aí poderá encontrar não apenas o disco à venda, como outras bandas, algumas do mesmo estilo, escolhidas pelas mesmas pessoas que lhes “deram” aquele lançamento. O feedback que temos do site é enorme com e-mails todos os dias com encomendas, questões sobre bandas, pedidos promocionais por parte de revistas, rádios e sites, etc.

5. De uma forma mais geral, como olham para o panorama editorial nacional?
Mais uma vez tendo em conta o tamanho do mercado nacional, está bem e recomenda-se. Editoras como a Rastilho e a Raging Planet, juntamente connosco, conseguem colocar “cá fora” uma série de lançamentos muito interessante – em qualidade e quantidade – por ano. Depois, a uma escala mais pequena, mais especializada mas não menos importante, “casas” como a Bubonic Productions, Metal Soldiers, Herege Warfare, Universal Tongue e a Ethereal Soundworks fazem um magnífico trabalho. Normalmente, todas as bandas portuguesas de qualidade encontram uma editora à sua medida em Portugal. Existem excepções e limitações, mas em termos gerais estamos bem servidos de editoras, geridas por gente que trabalha a sério, sabe o que quer e que não aceita lições de honestidade de ninguém.

6. Quais as expectativas para os próximos meses; para o ano de 2011 – novidades?
Estamos neste momento a começar o processo de promoção dos novos lançamentos: o disco de estreia dos Head:Stoned e os novos dos Concealment e dos ThanatoSchizO, este último composto por versões semi-acústicas, étnicas e mais pop de temas dos álbuns anteriores. Isto deve dar-nos água pela barba até meio do ano. Ainda antes disso, vamos ter também a estreia em longas-duração dos E.A.K., que têm uma pequena bomba de fragmentação chamada “MuzEAK” para editar e promover, o que nos deve ajudar a manter ocupados até ao final do Verão. E é até aí que temos planos. O que faremos a seguir depende do que aparecer em termos artísticos e dos resultados que obtivermos com estas quatro apostas.

Catálogo:
Process of Guilt, [Before the Rain], Simbiose, Crushing Sun, EAK, The Firstborn, Thanatoschizo, Concealment, Haed:Stoned, Oblique Rain, LÖBO e Mourning Lenore.

Contactos:
Major Label Industries
P. O. Box 3
2740-001 Porto Salvo
info@majorlabelindustries.com

logótipo Major Label Industries

www.majorlabelindustries.com
www.myspace.com/mlindustries

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.