Com um novo e homónimo álbum nos escaparates, Old Jerusalem aceitou partilhar connosco alguns pormenores da sua feitura.
Porquê e como nasceu o nome Old Jerusalem?
Old Jerusalem é o nome de uma canção dos Palace Brothers. Desde que vi o nome escrito que me pareceu uma excelente designação para uma banda. As duas palavras têm uma certa “ressonância” estética que me agrada.
Old Jerusalem é um projecto essencialmente solitário. É sempre um prazer ou às vezes é também um processo doloroso? Porquê?
Como tudo na vida, tem os seus altos e baixos, os seus prazeres e dificuldades, não é diferente de qualquer outra actividade. Mas tende a prevalecer o lado do gosto em manter esta actividade, ou já teria deixado de o fazer. :
Não é fácil encontrar em Portugal um projecto que chegue tão consistentemente ao seu 5º álbum e sempre com um nível tão alto – ainda que pouco reconhecido no mainstream? Como é que isto se faz? Há algum segredo?
Sinto-me inclinado a assumir que o segredo talvez seja dormir pouco… : Aprecio e agradeço o elogio implícito na formulação da questão, mas não sei responder com objectividade, tudo se faz… fazendo! : Faz-se, vê-se como resulta, tira-se conclusões sobre os resultados, decide-se se faz sentido continuar ou não, etc.
Se pedisse que descrevesses o disco numa frase apenas, que frase dirias?
“Even melancholy birds some time sing their mating song” (citação do tema “Song of Daphne”).
Em “Old Jerusalem” são as palavras que embalam a música ou o contrário? Ou vivem ambas embaladas uma pela outra? Qual a relação entre ambas neste último disco?
Idealmente palavras e música vivem intimamente conjugadas. Costumam inclusivamente “nascer” assim. Mas nas minhas canções é usual que as palavras tenham uma certa preponderância.
Consegues percepcionar na tua obra discográfica uma ideia de continuidade ou achas que cada disco é uma viragem, com as suas diferenças e especificidades. Que principais diferenças achas que se podem descortinar neste último disco?
Penso que há mais continuidade do que ruptura. As especifidades de cada disco tendem a reflectir a minha experiência pessoal com eles e o contexto em que foram concebidos, mas não há “cortes” fundamentais entre eles em termos estéticos.
Este é um disco homónimo. É a assunção de ser este o disco ‘mais’ Old Jerusalem?
Não. Pelo menos não necessariamente e com certeza não deliberadamente.
Como tem sido a aceitação do novo disco ao vivo? Surpreendeu-te de alguma forma?
As apresentações do disco ao vivo têm corrido bastante bem, nos diferentes contextos em que se realizam. Surpreendeu-me positivamente o facto de a banda Old Jerusalem se estar a tornar progressivamente ao vivo uma entidade efectivamente “viva”, a crescer para lá da soma dos seus elementos.
O vídeo do single “The Go-Between” está muito bem conseguido. Como surgiu a ideia e como correu esta relação Old Jerusalem, André Tentúgal e Manel Cruz?
Correu bastante bem, a meu ver. Convidei o André Tentúgal para realizar o vídeo da canção e a ideia de convidar o Manel Cruz para colaborar partiu dele, considerando o conceito que tinha definido para o filme que se propôs fazer.
A internacionalização – seja lá o que isso for nos dias de hoje – nunca pareceu ser um claro objectivo para Old Jerusalem. Se isto é verdade, aconteceu apenas porque não surgiram grandes oportunidades ou porque nunca foi mesmo um objectivo?
A internacionalização foi sempre um objectivo para Old Jerusalem, embora efectivamente seja um objectivo relativamente “falhado” até ao momento. Continuamos de qualquer forma a insistir no assunto.
Depois da Borland e da Rastilho, o novo disco foi editado pela novel PAD. Como tem sido esta nova relação?
Tem corrido muito bem, já com resultados práticos visíveis e positivos e acima de tudo tem sido um prazer e uma honra tomar parte neste colectivo.
Como vai ser o futuro próximo de Old Jerusalem?
Promoção do disco novo, seja em entrevistas e showcases, seja pela via preferencial de apresentações ao vivo. Um pouco mais tarde (mas não muito, espero) começar a delinear o plano de um próximo disco.
Old Jerusalem – “Old Jerusalem” (PAD, 2011)
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