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Em Directo com os Salto

Rui DinisRui Dinis

Hoje, o Em Directo é com o projecto de Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro, os Salto; em cima da mesa está o homónimo álbum de estreia:

O Nome

O nome surge de forma natural, tal como o sumo de laranja. No inicio esprememos várias ideias, filtramos a grainhas e os caroços e ficamos com o sumo. Mas Sumo era um nome foleiro por isso acabamos por escolher Fahkir. Fakhir é um jovem que se deita em camas feitas pregos e brinca com facas, tendo em conta que a humidade relativa do nosso país ia enferrujar o pregos e ,contemplando que não temos a vacina do tétano em dia, escolhemos: Salto.

O Single

Por ser uma música muito directa que passa por algumas das influências que se podem encontrar no nosso álbum. Não é uma representação do disco na sua totalidade mas sim um cartão de visita de uma das paisagens sonoras que podem encontrar no disco.

Os Arranjos

Os arranjos nascem de forma natural, como o sumo de laranja, a quem já fizemos a devida referência anteriormente. Eles são sempre uma parte muito exigente da produção do álbum. É a conclusão e exploração do compromisso que passa por perceber o que é essencial e aquilo que pode ser acessório, e quando é que o acessório é pertinente. Trabalhas ao máximo para descobrir o maior número de possibilidades possíveis de modo a que as músicas fiquem o mais completas. No fim interessa teres sempre presente aquilo que ,inicialmente, querias dizer com cada música e focares-te para não fugires disso.

A Produção

Foi um processo espectacular. Foi um tempo muito bem aproveitado. Uma aprendizagem enorme. Ouvimos muita música, experimentámos muitos instrumentos que nunca tínhamos tocado e estivemos sempre com o cuidado de manter o ouvido crítico. O New Max, que acima de tudo é um grande músico, teve sempre uma influência e acção muito pertinente no processo de produção. Foi um momento de grande procura e experimentação que contribuiu imensamente para maturar muitos dos conceitos que aprendemos no nosso curso de Produção na ESMAE.

As Palavras

Letras, é justo dizer que demoramos regra geral duas vezes mais tempo a concluí-las do que as próprias músicas. É um campo em que estamos menos á vontade. É interessante ouvir as várias opiniões dos cantautores portugueses. Uns estendem-se á dificuldade da fonética, outros defendem a procura descomprometida das palavras, assim de uma forma mais transatlântica. Sinceramente nós sentimos-nos confortáveis com as rimas que o Guilherme mandava em tempos de hip-hopper e com as frases soltas que o Luís de vez em quando expele num grito repentino. Estamos a crescer e queremos investir muito na nossa “literatura” para que a mensagem seja mais clara e mais concisa.

A Sonoridade

É assim meia amarela, com cheiro a rosmaninho, e um toque de molho de salsa. É resultante daquilo que nós ouvimos e gostamos de tocar, não é forçado mas é explorado e isso é também um momento desafiante na procura da estética.

As Referências

Referências são sempre coisas que nos acompanham, fascinam e nos dão vontade de nos ultrapassarmos enquanto músicos. Desde a Britney Spears até á Lady Gaga, são exemplos de referencias que não são referencias para nós, mas hão-de ser para alguém… Muita da cena eletrônica londrina fascina-nos e muito do indie rock também. Seria injusto tentar elaborar uma lista breve de referências, mas podemos dar o exemplo de algumas banda que andamos a ouvir: Dirty Projectors, Efterklang, Robert Glasper, Orelha Negra, Capitão Fausto, XXYYXX, Disclosure, Falty DL, Lando Kal, Lapalux, Ifan Dadydd, Flying Lotus, Madvillan, entre muitos outros.

A internet

Assume actualmente um papel imprescindível para a sociedade. Nós, como uma quantidade enorme de pessoas, utilizam este meio para difundirem o seu trabalho. É uma ferramenta muito importante nos dias hoje. Além disso tens a possibilidade de viajares pelo mundo em 5 minutos, passando por diferentes culturas, algo muito importante para um criador.

Concertos

Os concertos são sempre uma enorme aprendizagem. Aprendemos muito com as reacções do público e com as suas opiniões. Trabalhamos todos os dias para o melhorar e para chegar o melhor possível a quem nos ouve. É sem dúvida um momento pelo qual ansiamos e onde pomos à prova as nossas capacidades como interpretes das nossas próprias músicas.

O Futuro

Os próximos tempos irão passar pela preparação do segundo disco e da sua pre-produção e por concertos. É de facto uma grande alegria termos a possibilidade de nos dedicarmos 100% à banda, uma vez que até agora o conservatório e a faculdade consumiam bastante da nossa carga horária semanal.

Salto – “Salto” (NorteSul, Amor Fúria, 2012) | POP | Ouvir Salto
www.facebook.com/saltopt
www.saltoedequemouvir.com

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.