Produzido pelo próprio grupo e por Chris Coady, “The Blur Between Us” é o novo álbum dos : papercutz, um disco com 12 faixas numa edição da Rastilho Records. O disco vai ser editado no próximo dia 24 de Setembro. Os : papercutz estão hoje em directo n’a trompa:
O Título
“The Blur Between Us” representa a complexa existência que temos em comum com outros, que sendo aparentemente simples, guarda um desconhecimento do que vai por dentro do outro, pela forma como cada um decide se mostrar aos próximos de si. Nas palavras de Saramago “Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros.”
Existe uma narrativa que começa com a morte de alguém importante para o sujeito em causa e que lhe desperta uma procura do entendimento do próximo e da importância de partilharmos a nossa vida com outros.
A Produção
O álbum foi em parte gravado cá pelo Ricardo Gandra, pela facilidade em trabalhar as vozes e porque tivemos arranjos de metais e cordas interpretados por músicos portugueses. Depois partimos para N.I. onde foram gravadas novas instrumentações, de acordo com a visão do Chris Coady (o produtor do álbum) e finalmente misturado por ele também. Ao todo é um trabalho de vários meses. Foi-lhe feito o convite por mim pois admiro o seu trabalho e pareceu-me a pessoa ideal para trabalhar connosco neste álbum, e embora seja raro trabalhar com artistas fora dos Estados Unidos, tanto ele como a manager gostaram muito da demo que lhes enviei.
As Palavras
Todas as letras são encaixadas na narrativa ao longo do álbum, e foram escritas por mim e uma pelo José Luís Peixoto. Ao contrário do primeiro álbum, as letras são todas em Inglês simplesmente porque o tema em Português (excepto os instrumentais de nome “Redenção”) acabou por não ser escolhido para o alinhamento final.
A Sonoridade
Temas com som mais expansivo, mais negro, com muita percussão tribal, por vezes épica e vozes com reverberação.
As Referências
Muito cinema e literatura. Por norma evito ouvir música de outros em fase de composição para não ser influenciado em demasia mas dei por mim a meio da produção do álbum e nas longas conversas à noite no estúdio com o Chris a redescobrir clássicos da pop, “Disintegration” dos The Cure, “Hounds of Love” de Kate Bush, “Violator” dos Depeche Mode, “So” de Peter Gabriel, etc.
A Novidade
Penso que é um trabalho mais maduro, o lado intimista e de electrónica de “quarto” do “Lylac” dá lugar a um som mais sério indo de encontro ao tema do álbum. O produtor do álbum, Chris Coady foi fundamental para chegarmos à essência deste novo trabalho.
A Internet
Como músico, sempre fui do tempo da Internet, logo não sei exactamente como seria este meio sem a sua existência. Mas sinto que tem uma valência positiva porque nos permitiu sair de Portugal. Por outro lado, existe um exagero de nova música disponível de forma legal e ilegal, o que torna difícil conseguir viver da edição de música. A verdade é que não culpo os ouvintes, penso que sim, num futuro próximo, existem agentes que terão que contribuir para a criação musical (e não só), pois fizeram e fazem muito dinheiro à custo de um acesso a esses conteúdos, e criar leis que ataca quem comprou o seus serviços, de nada serve.
A Internacionalização
Sempre fez parte de :PAPERCUTZ porque desde o início que trabalhamos com editoras estrangeiras e damos concertos lá fora. Não vejo qual o motivo de um banda não querer mostrar a música música para além de um país tão pequeno como Portugal, numa sociedade globalizada, mesmo que esta cante em Português (mercados como Brasil, África,…). Dito isto, tocar em Portugal e ter uma editora nacional, como a Rastilho, que puxa por nós cá, está a ser uma experiência muito boa e é um desafio que estamos a seguir com muito gosto.
Os Concertos
Investimos tanto na escrita e gravações como na experiência ao vivo, através de novos arranjos de forma a tornar o concerto uma experiência única e distinta da audição das músicas. Temos dados concertos com uma formação nuclear e uma com mais um essemble de cordas e metais, sendo que estamos a experimentar as várias fórmulas possíveis de apresentar este novo trabalho tendo em conta o espaço do concerto. Em comparação com concertos de apresentação do primeiro álbum, estes são mais musculados, sua-se mais!
O Futuro
Concertos cá e lá fora, promoção, entrevistas como esta, trabalhar para chegar a todos que penso que poderão gostar do que fazemos. E tentar continuar a ser felizes ao fazê-lo…
: papercutz – “The Blur Between Us” (Rastilho Records, 2012)| POP | ELECTRÓNICA | Ouvir :papercutz
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