HOJE, na Culturgest (Lisboa), “Maldoror”, o espectáculo!

(CONTINUAÇÃO)


> Foto: Rui Pires

5. Aquando da apresentação deste espectáculo, tive oportunidade de, uma semana antes questionar o Adolfo sobre a receptividade ao Müller e ao tipo de público que a ele aderiu, bem como a expectativa para a adesão a este Maldoror. A experiência dizia que, no espectáculo anterior, não obstante não se tratar de um espectáculo “típico” de Mão Morta, o público era essencialmente o público “clássico” dos Mão Morta, ou o mesmo que comparece aos concertos de rock.
Agora que Os Cantos de Maldoror já percorreram várias salas, faço de novo a questão: os Mão Morta garantiram neste espectáculo o seu público, ou já conseguiram convencer mais público interessado num espectáculo diferente da vertente rock dos Mão Morta. Por outras palavras: se o público mais ligado à poesia ou às artes de palco teve curiosidade em assistir a esta encenação – nem que essa tenha sido a primeira experiência ao vivo com os Mão Morta. (Manuel Melo – Sinfonias de Aço).

Adolfo Luxúria Canibal: Penso que sim, que terá havido um outro público, que normalmente não frequenta concertos rock, a ir assistir a este espectáculo – não só porque ele percorreu apenas salas de teatros, muitas delas já com o seu público cativo, mas também porque “Maldoror” foi programado em Festivais de Teatro, como aconteceu em Estarreja. Mas isto é mero exercício especulativo, baseado na lógica de probabilidades, porque de facto ninguém fez qualquer inquérito ao público presente em qualquer uma das datas de apresentação de “Maldoror” quanto aos seus hábitos culturais…


> Ilustração: Isabel Llano

6. Será que o séc. XXI vive à sombra de Maldoror e do seu niilismo? (João Carlos Callixto – Etnomusicólogo)
Adolfo Luxúria Canibal: O séc. XXI ainda gatinha apenas… Os “Cantos…” estenderam a sua influência, não só literária, por todo o séc. XX, com diferentes intensidades e em diferentes contextos, e como o devir acontece à margem dos cortes epistemológicos do calendário, nada nos garante que essa influência tenha ficado acantonada até 1999!


> Ilustração: Isabel Llano

7. Independente de toda a complexidade de “Maldoror”, esta é claramente uma obra típica de Mão Morta; da vossa análise, que diferenças, evoluções ou originalidades, poética e musicalmente, este disco/espectáculo traz ao universo dos Mão Morta?
Adolfo Luxúria Canibal: Do nosso ponto de vista ainda é cedo para tirar conclusões a esse nível. Esta obra parece-nos um corolário, mas só o futuro, com a sua capacidade de trazer nova luz ao passado, poderá confirmar isso ou, pelo contrário, vir indicar evoluções ou originalidades.

(CONTINUA)

Tour Maldoror:
23 Abr (20h) – Culturgest – Lisboa
03 Mai (20h) – Theatro Circo – Braga

som Mão Morta.

Alternativo
sítio mao-morta.org
sítio www.cobradiscos.org

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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