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ESPECIAL|Semana “Maldoror” com Adolfo Luxúria Canibal

Rui DinisRui Dinis

É o último capítulo da entrevista amavelmente concedida, por e-mail, pelo líder dos Mão Morta. Obrigado.

(CONTINUAÇÃO)


> Foto: Rui Pires

10. Para quem vive neste pequeno meio que é a moderna música nacional, o lançamento de um novo disco dos Mão Morta cria sempre algum burburinho. Como encaram a ambiguidade de serem certamente o maior grupo rock de culto nacional, e continuarem a enfrentar as dificuldades de edição/distribuição/exposição que aparentemente enfrentam? Até que ponto isso influencia o vosso trabalho?
Adolfo Luxúria Canibal: Nós tomamos o nosso destino nas nossas mãos e fazemos criativamente aquilo que bem entendemos – se calhar, é esta autonomia e liberdade criativas que origina o respeito de que desfrutamos… Seja como for, as nossas dificuldades de edição e exposição estão intimamente relacionadas com a nossa autonomia, sempre soubemos que a nossa independência tinha um preço e sempre estivemos dispostos a pagá-lo. Mas, olhando à nossa volta, deparamos com as mesmas dificuldades de edição e exposição, ou piores, mesmo por quem aparentemente sempre se curvou às exigências do mercado, e isso, não nos deixando propriamente contentes, só nos fortalece a convicção de que fizemos as opções mais correctas. De resto, a única influência dessa situação no nosso trabalho é mesmo essa: uma vontade ainda mais forte de fazer exactamente o que nos apetece, independentemente das conjunturas, das modas e da má-língua!


> Ilustração: Isabel Llano

11. Acabadas as apresentações de Maldoror, o que podemos esperar dos Mão Morta? Voltamos a ter a banda em formato mais rock, mergulhada no seu próprio universo e a compor baseada nos seus textos, ou este formato mais teatral, criando a partir de textos e autores próximos do universo da banda é o caminho a trilhar no futuro? (Nuno Ávila – Santos da Casa)
Adolfo Luxúria Canibal: Ainda estamos demasiado embrenhados no “Maldoror” para conseguir pensar num qualquer após “Maldoror”. Seja como for, produções como “Müller no Hotel Hessischer Hof” ou este “Maldoror” implicam um tamanho investimento físico e financeiro que se torna incomportável generalizá-las. O ritmo de uma cada dez anos parece-me o mais saudável!


> Ilustração: Isabel Llano

12. O duplo-CD está aí – numa belíssima edição de luxo, o DVD a seu tempo chegará e faltam ainda pelo menos dois espectáculos de “Maldoror”; o que gostarias ainda de dizer aos leitores d’a trompa, de forma a convencê-los a irem ver-vos ao vivo ou a comprar o novo disco?
Adolfo Luxúria Canibal: Nunca fui muito bom a convencer quem quer que seja a fazer o que quer que fosse… E cada vez sou pior! Portanto, acho que nem me atrevo a aceitar esse desafio. Mas tenho fé, ainda assim, que tudo há-de correr pelo melhor!…

Tour Maldoror:
03 Mai (20h) – Theatro Circo – Braga

som Mão Morta.

Alternativo
sítio mao-morta.org
sítio www.cobradiscos.org

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.