[NOTA DE IMPRENSA]

Bem-vindos à segunda lição de como preparar uma boa taina. Lá para Março, ainda a Primavera tinha ares de Outono, pegámos no dicionário para explicar a origem da palavra*. Relembre-se o sumário da lição anterior: o Taina Fest tem como objectivo juntar boa comida e boa música.

A 17 de Maio, n’Os Amigos do Minho, Intendente, comensais e melómanos reúnem-se de novo. Mas para que a segunda edição lisboeta do Taina Fest cumpra todos os requisitos é preciso estabelecer algumas regras, para que não haja mal entendidos.

A primeira regra é que não há melhor comida do que a da mãe, mesmo que sejas filho de jibóia. Jibóia da Mãe é fusão dos projectos de Filho da Mãe Jibóia. Guitarra acústica de um lado (Rui Carvalho da Mãe), guitarra eléctrica do outro (Óscar Jibóia da Silva). A portugalidade hardcore e o oriente psicadélico no mesmo prato. Cabeça foi um dos nossos discos preferidos de 2013. O segundo longa duração de Jibóia, ainda à espera de ser lançado, já tem esse lugar guardado em 2014. Jibóia da Mãe é a prova que, ao contrário de tremoços com molho de bifana, duas coisas boas juntas podem dar bom resultado.

Importante também lembrar que deve fechar a boca enquanto mastiga. Mas não há como resistir ao universo encantatório de Alek Rein,heterónimo criado por Alexandre Rendeiro. Em 2011, lançou Gemini, EP de estreia carregado de psicadelismo bucólico e histórias épicas. Há coisas novas para ouvir que se esperam tão inspiradas como estes cinco temas. À prova no próximo sábado.

Terceira regra: é permitido fumar. Entrelacem o fumo de modo a imitar os desenhos que a Nicotine’s Orchestra ensaia no disco “Gypsicalia” (2012). A casa é o rock n’roll, mas há caminhos soul, relva em forma de blues, o sol da tropicália. Tudo responsabilidade de Nick Nicotine (Carlos Ramos), homem do Barreiro que gere um estúdio (King), um festival (Barreiro Rocks), uma editora (Hey! Pachuco), já lançou um best of (77☽13) e dá o corpo às balas numa série de bandas.

Por último, é essencial esquecer conceitos importados de culinária com pretensões cosmopolitas ilusões de cosmopolitismo e sabor duvidoso. Reinventem-se outras coisas, como Pedro Lucas faz, desde 2010, com O Experimentar Na M’Incomoda. No Taina Fest, vai apresentar o seu novo projecto Medeiros/Lucas. Carlos Medeiros, figura de culto no circuito da música tradicional portuguesa, foi inspiração para O Experimentar graças ao seu trabalho “O Cantar Na M’Incomoda” (1998) e agora é corpo presente. Há acordes que ligam os Açores à ibéria, ao norte de África. Há textos de Miguel Cervantes, de Armando Côrtes-Rodrigues.

Como em receita que funciona não se mexe, a segunda edição do Taina Fest em Lisboa será novamente um trabalho conjunto entre a Lovers & Lollypops e a Associação Terapêutica do Ruído. Os cartazes concebidos e impressos na Oficina Arara – Porto. No final, teremos outra vez Dedos Biónicos SoundSystemsons trazidos de Bragança pelo rei do Palco Taina do Milhões de Festa e embaixador honorário da taina, Nuno Biónico.

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By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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