watchingthedancers

Depois de “Loud, Sexy & Rude”, está aí o segundo álbum dos The Lemon Lovers, “Watching The Dancers”. Está aí e está aqui, numa faixa a faixa para a trompa:

The Same

Foi das primeiras músicas do álbum a ser escrita. E foi escolhida como primeira música do disco porque de certa forma mostra a nova cara da banda. A canção é uma mensagem para a nossa geração, uma mensagem com muito pouca esperança, pois fala deste sentimento de revolta que se sente no ar… Diz às pessoas que não vale a pena fazer nada… porque dificilmente conseguiremos mudar alguma coisa. “Stay where you are boys.”

From Mars, With Love

É uma canção onde fizemos algumas experiências… Introduzimos sopros e vozes à Bee Gees, que é algo que nos deu muito gozo, precisamente pelo facto de nos ter feito sair da nossa zona de conforto. Fala de uma paixão impossível por uma rapariga que mora em Marte… Mas este rapaz da Terra não tem nada que o prenda aqui. Então, mesmo sabendo que dificilmente chegará ao planeta vermelho, ele está disposto a fazer a viagem!…

Pocket

Esta canção deu muitas voltas desde a primeira gravação de telemóvel até ao produto final. Foi daqueles casos em que tudo se resolveu na hora e no estúdio! Pocket conta a história de uma personagem que tem Alzheimer. Mas não é propriamente a doença a má da fita. A doença tirou-lhe a memória, mas a “mão invisível” tirou-lhe tudo o resto… É uma canção que fala sobre o que pensámos ser a “diferença” na nossa sociedade entre não teres nada ou seres ninguém, que é talvez a única forma de te esconderes da “mão invisível”. E é engraçado que, apesar da história pesada, o instrumental é super alegre e despreocupado, como se nos tivéssemos esquecido do que estávamos a contar.

Tender Fog

Foi a primeira música do disco a ser escrita, mas levou uma volta de 180º quando fizemos o arranjo para a tocar em banda. Todo esse processo levou à decisão de ser o Rolando a cantá-la. Numa tarde de trabalho, eu (João) e o Rolando descobrimos a mútua adoração por raparigas de olhos tristes, e toda a letra é dedicada a elas, assim numa espécie de versão mais cuidada do programa do Daniel Oliveira. “What lies inside your eyes?”

Silly Girl

Surgiu numa das muitas manhãs em que eu e o Butuc nos fechávamos na sala a explorar pequenas ideias e a tentar criar algum tipo de estrutura para as canções. Fala sobre uma espécie de revolta em relação a essa percentagem grande de miúdas que gosta bastante de embarcar numas “aventuras”, mas que passa sempre a imagem de que toda a sua pessoa é ou está em modo cadeado. No fundo, trata-se de um apelo à verdade amorosa no feminino, porque na realidade esta vida é muito curta para se perder tempo com esses jogos!

Mexican Way

É uma canção que deu imenso prazer a gravar porque explorámos sonoridades, ritmos e diferentes instrumentos. Foi a última canção a ser escrita, poucos dias antes de irmos para estúdio, e deu-nos esse prazer e entusiasmo extras pelo facto de ter sido tudo muito imediato. A letra evoca a necessidade de sentir o amor como ele foi em tempos, a carta no marco do correio, a luta pela amada, etc, tipo telenovela mexicana. Apesar de soar um bocado fuleiro, acaba por ter muito mais piada do que essa febre romântica de redes sociais que para aí anda.

Wrong

É nitidamente a chamada “balada” do álbum e uma música que nos dá muito prazer tocar juntos. É uma daquelas canções que é mais fácil escrever num dia de chuva e que só precisa de um sofá e de uma guitarra acústica. Fala do tempo que normalmente consideramos perdido enquanto estamos à espera de um “Amor”… E da dificuldade que temos em pensar que, de alguma forma, esse é um tempo ganho… A eterna dúvida do “Terá valido a pena?”.

Cosmic Lovers

É uma canção que nos é muito querida e, por isso mesmo, optámos por fazer dela o 1º single do disco. Foi das canções que deu mais trabalho a gravar, mas valeu a pena. A frase “Tell these cosmic lovers to put their feet on the ground” é repetida durante quase todo o tema, parece uma letra preguiçosa. Porém, na realidade, ela diz tudo o que precisa ser dito! Então para quê complicar? Bem, pelo menos foi o que pensámos!

Liver and Soul

Surgiu a partir do riff inicial e foi-se desenvolvendo a partir daí… Não sei precisar nem quando nem como. Mas é fruto dos pensamentos que surgem depois de noites complicadas e que provavelmente assombram a vida de muitos “artistas!” Fala sobre uma decisão difícil… Escolher entre o fígado e a alma! Levar uma vida de estrada e deixar os dois intactos não é tarefa fácil.

Seed

É a ultima canção do disco e apesar de ter harmonia e melodia escritas há já bastante tempo, a letra e a forma foram feitas na hora, sendo a música gravada em live take apenas com um microfone no meio da sala. Acreditamos que estes fatores lhe trouxeram um cariz muito próprio e verdadeiro, e ficámos tão surpreendidos com o facto que acabámos por não a controlar inteiramente. “I planted a seed in your mind, will you be clever enough to let it grow?”

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.