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Curtas | 2014 com Levities

Rui DinisRui Dinis

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O disco chama-se “Dead Bouquet” (Ethereal Sound Works, Raging Planet, 2014) e é o álbum de estreia dos lisboetas Levities. É a ‘curta’ de hoje:

Como nasceu o projecto Levities?
A banda nasceu da vontade de fazer música marcada pela simplicidade, à volta de um gosto muito grande por bandas como os Stooges e o grande interesse que estava presente em todos os elementos da banda na energia daquilo que entendíamos como “punk rock”.

O que move Levities na música?
A vontade de fazer música, de tocar, de não estar preso a categorias e ir construindo desafios para nós próprios nesse sentido, de pôr na nossa música aquilo que mais admiramos nas bandas que sempre ouvimos. Move-nos o gosto em estarmos juntos e sentirmos que é possível chegarmos a um número maior de pessoas que partilhem a nossa visão relativamente à música de uma forma geral, uma visão que não se limita a géneros musicais ou àquilo que é a sensação deste mês. Integridade.

Um adjectivo que caracterize a música de Levities?
Sincera.

Porquê o título de “Dead Bouquet” para o novo disco?
Entre outros motivos, porque soa bem, aparece na letra da sétima música do álbum, “Swing”. O “choque” entre as duas palavras é engraçado, é uma oposição que resulta bem na nossa opinião. Há uma frase numa letra do Leonard Cohen chamada “I can’t forget” – do álbum “I’m your man” – que influenciou o título.

Numa frase apenas, como caracterizam o novo disco?
São 14 músicas com uma base forte de bandas consideradas “punk” como Damned ou Black Flag, mas que não se limitam a isso – sendo que há quem encontre uma sonoridade que vai ao encontro daquilo que pode ser considerado mais “alternativo” ou “indie” –, sem grandes “truques”, músicas cruas, não há nada demasiado “polido”, isto para que o valor esteja no som que se encontra no álbum e não noutros aspectos que muitas vezes tentam escamotear o som de uma banda, embora não tendo a pretensão de “inventar” um som, acreditamos ter a nossa identidade, que está bem presente no álbum.

levities

Se tivessem de escolher a faixa que melhor encarna o ‘espírito’ Levities, qual escolheriam? Porquê?
Talvez a “Killed on Valentine’s”. É rápida, simples, a letra não é directa – o que dá espaço para cada um interpretar à sua maneira –, e sobretudo porque é das músicas que mais gostamos de tocar ao vivo.

Apontem duas razões para ouvir – e mesmo comprar – o vosso novo disco?
Ouve-se em cerca de meia hora, com 14 boas músicas, na nossa opinião obviamente;
Ao comprar o disco – este e qualquer outro de bandas que gostem, e que vivem à margem daquilo que pode ser considerado a corrente principal da música –, ajudam a que uma forma de expressão não caia ainda mais na noção de que é melhor não ser recompensado em termos financeiros porque, dessa forma, as bandas têm “liberdade” para criar, porque não dependem do dinheiro… o que acreditamos ser uma noção bastante errada… há um conjunto de pessoas que acabam por ter acesso a algum dinheiro através das bandas, e todas as bandas têm irremediavelmente que gastar dinheiro, por pouco que seja, ou para gravar a sua música, ou comprar equipamento, etc… As lojas de discos vão desaparecendo, ficando quatro ou cinco nomes… há uma pequena economia que poderia funcionar e que vai desvanecendo, há um conjunto de profissões alternativas que têm forçosamente que deixar de existir. Seria bom que todos aqueles que realmente gostam de música, seja ela qual for, e com todo o acesso que hoje existe (tantas vezes completamente gratuito), se lembrassem que ao comprar um disco estão muitas vezes a permitir que um músico ou uma banda possam evoluir ou prosseguir com o seu trabalho, não num sentido de obrigatoriedade, mas com a consciência que são também parte integrante da música enquanto ouvintes.

O que podem esperar as pessoas que forem ver Levities ao vivo?
Uma banda que vai directamente ao propósito do concerto, que toca as músicas sem rodeios. Energia e simplicidade.

Proponham um disco da música portuguesa que vos tenha agradado nos últimos tempos – o vosso não vale?
Tomando a liberdade de indicar dois nomes, não um disco em específico, gostamos muito de For the Glory e Dirty Coal Train, ambas as bandas com gravações recentes.

Como vai ser o Verão de Levities?
A trabalhar no novo set, a planear um novo álbum e, se tudo correr bem, com concertos. [OUVIR]

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.