Editado pela JACC Records, Pedra Contida é uma criação sonora de Marcelo dos Reis (guitarra clássica), Angélica V. Salvi (harpa), Nuno Torres (saxofone alto), Miguel Carvalhais (computador) e João Pais Filipe (bateria e percussão). O guitarrista Marcelo dos Reis deu as respostas:
Como nasceu o projecto Pedra Contida?
O grupo Pedra Contida nasce de um convite que me foi feito (Marcelo dos Reis) para montar um grupo para trabalhar durante uma semana numa aldeia de Xisto chamada Cerdeira com vista a uma edição discográfica. Dado o local remoto e de características etimológicas tão especiais e silenciosas, o nome do grupo é uma variação um pouco poética do que a nossa música é. Uma música cheia de respirações, silêncios e contradição com este, basicamente é o relacionar da nossa música com o meio envolvente, e deixar que ele entre pela nossa música dentro.
O que move Pedra Contida na música?
A curiosidade e o fascínio da exploração tímbrica dos instrumentos, e do grupo como um todo, e claro, o privilégio de podermos tocar juntos, é sempre um momento muito especial.
Um adjectivo que caracterize a música de Pedra Contida?
Talvez o “Silêncio Omnipresente” em todas as peças do disco.
Porquê o título de “Xisto” para o novo disco?
Inicialmente pensas como relacionar o objecto artístico que crias com o o “work in progress” que viveste. Aquilo que inicialmente é tão óbvio para caracterizar o que estás a fazer tu rejeitas. Logo o titulo Xisto era um nome que estava de lado, mas depois de pensar um pouco, encontras uma justificação na possibilidade de o teu trabalho se realizar em torno de um objecto/matéria específica, e isso tornar-se o epicentro do nosso trabalho. Quem sabe se o próximo disco não se chamará Granito, Cale ou Areia.
Numa frase apenas, como caracterizam o novo disco?
É um disco que aborda sempre a mesma matéria, mas com abordagens bastante distintas.
Se tivessem de escolher a faixa que melhor encarna o ‘espírito’ Pedra Contida, qual escolheriam? Porquê?
É complicado, pois o disco é dividido em “três capítulos”, todos eles muito distintos, e que criam um “quadro” único. Acho que o objecto vale por um todo e não apenas por um único momento.
Apontem duas razões para ouvir – e mesmo comprar – o vosso novo disco?
Como disse um jornalista brasileiro sobre a nossa música : “Música para se ouvir sem distrações e, se possível, em um ambiente livre de ruidosidades.”
O que podem esperar as pessoas que forem ver Pedra Contida ao vivo?
Musicalmente, acho que o grupo vale muito pela riqueza timbrica (harpa, electrónica, saxofone, percussão e guitarra clássica), a abordagem é em torno da adaptação e oposição dos materiais musicais, isso foi um conceito e linguagem que discutimos muito durante a criação das peças presentes no nosso disco, e isso acho que é uma característica que as pessoas poderão apreciar e entender nas nossas apresentações.
Proponham um disco da música portuguesa que vos tenha agradado nos últimos tempos – o vosso não vale?
Existem muitos discos portugueses bons, que sairam nos ultimos anos, acho que a coisa anda boa, uma espécie de compromisso muito sério com a arte.
Como vai ser o Verão de Pedra Contida?
Estamos a programar e a planear apresentações do nosso disco, e ao mesmo tempo a pensar em 2015, para fazer o máximo de concertos, e levar a nossa música o mais longe que conseguirmos, se ela será melhor, assim o esperamos.