Parece magia. E não adianta avançar com grandes parangonas de carácter técnico. São os mesmos The Allstar Project (TAP) de sempre. Aquele gigantesco cataclismo que nos é servido por três enleantes guitarras e uma competente secção rítmica. Não adianta. Tudo isso se mantém mas mais apurado; mais penetrante; mais estruturado. O que se ouve em “Into The Ivory Tower” vai mais fundo, larga-se da superfície e da superficialidade de um post-rock mais recorrente. A música de TAP ganhou um conceito; “Into The Ivory Tower” é o conceito. Fruto de uma experiência acumulada de 10 anos, os TAP souberam esperar e fazer o seu próprio caminho, algo que de alguma forma os pudesse diferenciar do emaranhado. Não perdem nunca as suas referências, apenas se reconstroem sobre elas. Este disco é o resultado dessa evolução, desse crescimento também estético. Igualmente eficientes, os TAP estão hoje mais eficazes, não se perdendo tanto em longos enredos, no viver lento de outros discos. Neste, preferem apressar o desenlace, geralmente num alvoroço de ambientes cuidadosamente cerzidos. Sempre brilhantes. “Into The Ivory Tower” é um apelo constante à imaginação. A música instrumental facilita esse processo, é verdade, mas no caso dos TAP, ela vive de e para esse processo, tal o dramatismo que se sente e pressente a todo o momento. Imaginam-se vários cenários, perdidos por vários cantos do mundo, do universo, com várias temperaturas, com várias luminosidades, mas o dramatismo, a carga emocional que extravasa dos TAP, está toda lá. Respira-se. Mais densa; sempre assombrosa.
Claro que são os TAP de sempre, mas muito melhores. Mais directos, mais criteriosos, a mesma tempestade. Excelente.
The Allstar Project – “Into The Ivory Tower” (Rastilho Records, 2011)
01 Neighbour of the Beast
02 Off Axis
03 Alignment
04 Shifting Poles
05 Advent
06 Pyramidal
07 Not All A Dream
08 Light for A Thousand Night
| ROCK INSTRUMENTAL |
www.theallstarproject.com