serfado

São onze fados e um inédito de António Variações. O fadista, poeta e compositor Telmo Pires, edita em Fevereiro o seu quinto álbum. O disco chama-se “Ser Fado” (Traumton Records, 2016) e foi produzido por  Davide Zaccaria. Eis o faixa a faixa, pelo próprio:

1. Pode ser
Uma letra sobre as incertezas que nos acompanham, sobre as decisões que devemos que tomar… ou não! O nosso coração é livre e poder fácilmente mudar de ideias! Nós temos que aprendar a lidar com isso ;-)

2. Amor escondido
A primeira vez que um poema foi escrito para mim! Um amor que não se mostra mas de qual sempre sentimos presença.. Que não nos conhece inteiramente, mas o tenta e que tentamos rejeitar… até percebermos que esse amor faz parte de nós… como um membro do nosso corpo.

3. No meu olhar
Todos temos cicatrizes do passado. Momentos que marcaram, cruzaram ou perturbaram a nossa vida. Ou se tentam esquecer, negar, disfarçar ou usamo-las como motor de nossa inspiração.

4. Ao passar por Braga abaixo
Sou homem do norte. Há anos que procurava um tema ligado ao folclore português. Pois vim encontrá-lo neste tema inédito de outro homem do norte: António Variações, que me foi oferecido

5. As mãos que trago
Para mim um dos temas mais geniais que se tornaram Fado. Criado por artistas que não vinham do fado: Alain Oulman e Cecilia Meireles. (assim surgiu a foto de capa do álbum).

6. Fado Fantasma
Um poema que me foi oferecido por Nuno Miguel Guedes e que escolhi para primeiro single. Corremos atrás de fantasmas, coisas, pessoas, amores, algo que já pertence ao nosso passado, mas que teimanos a ter e sentir na vida actual. E assim impedimo-nos de viver outras, novas felicidades.

7. Malaventurado
Primeira vez que gravei “à capela”. Belíssimo poema de Bernardim Ribeiro… onde me revejo nas palavras “Mudei terra, mudei vida, mudei paixao em paixao”. Tema que gravámos no meio da noite, sem musicos e que capta perfeitamente esse único momento.

8. Desfeito
Uma música do meu produtor Davide Zaccaria, que já existia numa versão instrumental e que eu escolhi para dar palavras. “Ser o que não sou”… nós sabemos quem somos? Somos nós que mandamos em nós? Há que acalmar, refletir e nao deixar passar a vida a correr.

9. Marujo português
Um fado tradicional conhecido como “A Rosinha dos limões”. Escolhi o poema sobre o ‘marujo’ como o unico poema neste álbum onde o intérprete passa a ser o observador e nao fala na primeira pessoa. Descreve somente o que acontece e vai acrescentando assim uma outra perpectiva.

10. Ausente
Para mim um dos poemas mais bonitos de Jorge Fernando, com musica fantástica de Custódio Castelo. Um tema sobre despedidas. Minha vida está marcada por despedidas…, de pessoas, da familia, do meu país. O pensarmos que estamos do lado “errado”, por vezes dá-nos mais força do que pensamos.

11. Amanhã no mar
Também este um grande tema composto pelo Davide Zaccaria. A melodia tem algo místico, algo medieval e nao me largou logo depois da primeira vez que o ouvi. E quando sinto uma ligaçao tao forte a uma melodia ou poema… sinto a necessidade de a tornar minha!

12. Silêncio no meu coraçao
Para mim o Fado, a musica mais emblemática do “Fado”, uma das minhas mais preferidas é o “Fado Bailado” do Alfredo Marceneiro. É um tema que sempre me acompanhou, especialmente com o poema da própria Amália “Estranha forma de vida”. Sempre amei essa melodia mas quiz entregar uma parte muito minha… e assim escrevi o poema “Silêncio mo meu coraçao”. Referindo-me à nossa voz interior, à nossa intuiçao que devemos sempre de seguir, nao desistir, nao deixar emudecer.

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.