Os Nobody’s Bizness estão de regresso aos discos. O novo álbum chama-se “It’s Everybody’s Bizness Now” e vai ser apresentado amanhã, dia 18 de Novembro, no lisboeta Cabaret Maxime.
Entretanto e aproveitando o momento, a trompa convidou os Nobody’s Bizness a participar na nova rubrica ‘Tempos’; passado, presente e futuro com os Nobody’s Bizness.
[Passado] Surpreendeu-vos de alguma forma a boa recepção de “Ao Vivo Na Capela da Misericórdia – Sines 2005″ ou fazia tudo parte de um grande plano de conquista deste país pelas raízes mais profundas do blues? Como surgiu a ideia de gravarem e editarem esse concerto?
Surpreendeu-nos muitíssimo porque nos esquecemos do grande plano de conquista do país em casa nesse dia (na verdade ele até existia e um dia ainda pegamos nele), mas alguém se lembrou, em vez do grande plano, de levar um mini-disc. O mini-disc foi ligado directamente à mesa, não houve qualquer preparação nem intenção de nada, queríamos apenas um registo do concerto para uso da banda…o que aconteceu depois foi a magia do espaço, a Capela da Misericórdia em Sines, o trabalho incrível dos técnicos da CM na captação do nosso som e a forma como fomos recebidos pelo público e pelo pessoal da Câmara.
Ainda hoje estamos quase convencidos que apesar da santidade do local, o diabo andou à espreita nalguma encruzilhada e tornou aquela noite perfeita (ainda não sabemos, contudo, o que nos vai pedir em troca).
No regresso a Lisboa ouvimos a gravação no carro e surpreendeu-nos de tal forma a qualidade do som que a enviámos ao Paulo Miranda que, por sua vez, se prontificou a masterizá-la. A edição surgiu a convite do João Mascarenhas, da excelente You Are Not Stealing Records, que se surpreendeu tanto quanto nós, imagino eu. A aceitação do público foi e tem sido ainda fantástica mas nunca pensámos que seria tanta. Aí acho que a culpa é do Blues e nós pouca ou nenhuma responsabilidade temos. O Blues é contagioso, só não toca a quem não o ouve. :>
[Presente] Ao contrário do primeiro registo, em “It’s Everybody’s Bizness Now” vocês têm tantos temas originais como versões. Tem a ver com alguma necessidade de afirmação da banda ou foi algo espontâneo? Como foram surgindo esses temas e a ideia de começar a compor originais?
Também aqui nada foi planeado (mas um dia também havemos de pegar nessa necessidade de afirmação e juntá-la ao plano para conquistar o país!) e tem mais que ver com o tempo que levámos a conseguir terminar o disco – começámos as gravações em 2006, com 99% de versões e um original (When monday comes) e só as terminámos em 2009, por variadíssimas razões.
Os originais acabaram por surgir naturalmente, em parte. A outra parte prendeu-se com a longa espera por autorizações dos publishers detentores dos direitos de alguns dos temas que gravámos inicialmente no AMP Studio em Viana do Castelo, a convite do Paulo Miranda. A espera tornou-se tão longa que à medida que passavam os meses, durante os ensaios (que decorriam na altura no mui inspirador e mui falecido Ritz Club) começámos a deixá-los de lado e a ir trabalhando pequenas ideias que nos iam surgindo, juntámos uma letra gentilmente escrita pelo nosso amigo João Macdonald e aventurámo-nos. Mais uma vez por sugestão do Paulo, voltámos a Viana do Castelo, esquecemos os temas que aguardavam autorizações e acabámos por gravar os nossos.
[Futuro] Será que no futuro vamos ter uns Nobody’s Bizness 100% originais, ou nem por isso? Como perspectivam o vosso futuro, a curto e médio prazo?
No futuro, esse lugar estranho, certamente originais. Não colocamos totalmente de lado a hipótese de voltar a gravar alguma versão, até porque continuamos a ser, acima de tudo, apaixonados pelo Blues e pela sua história riquíssima e pouco conhecida por cá. Teremos sempre a vontade de mostrar a quem não conhece de onde vem quase tudo o que ouvimos hoje em dia, mas vamos tentar fazê-lo de forma diferente da que nos conheceram até agora. Interessa-nos neste momento direccionar a criatividade que colocámos nas versões que fazíamos, que acabavam por ser tão ou mais trabalhosas que originais, nos nossos próprios temas.
Não sabemos o que o futuro reserva, nem a curto nem a médio prazo, mas sabemos o que esperamos: que a Nobody’s Bizness passe a ser assunto de toda a gente. Ou pelo menos de quem nos quiser receber em casa com este disco. Estamos convencidos que a curto prazo somos uma excelente prenda para o Natal que se avizinha. E a médio prazo, para a Páscoa.
Depois disso, não sei, talvez conquistar o país?…
“It’s Everybody’s Bizness Now” – Nobody’s Bizness (2010)