CONCERTOS|Old Jerusalem no Cartaxo

Old Jerusalem esteve ontem no Centro Cultural Município do Cartaxo; e a trompa também.
Sobre o palco e em formato trio, com Márcio Carvalho no baixo e Pedro Oliveira na bateria, Francisco Silva (guitarra e voz) percorreu ontem a sua discografia essencial, com natural predominância para o último “The Temple Bell” (Bor Land, 2007) – ouviram-se ainda temas dos álbuns “April” (2003) e “Twice the Humbling Sun” (2005).
Num espaço simpático, bem no centro do Cartaxo, ainda que com pouco mas interessado público – Old Jerusalem regressaria para dois encores, o concerto de ontem decorreu com a leveza que se imagina – com a leveza que a música de Old Jerusalem nos transmite. Não tendo sido um concerto frio, também não chegou a atingir a temperatura que um espaço mais repleto permite geralmente que se atinja e que a música de Old Jerusalem merece – uma temperatura interior, entenda-se.
A uma postura algo introvertida, Francisco Silva responde com canções fartas de um intimismo bruto. Com paixão, melodia e a simplicidade que se lhe reconhece, armado apenas com a sua voz e guitarra – baixo e bateria criam o ambiente envolvente, Francisco Silva ofereceu-nos uma hora de sentimentos fortes; interiores. Com uma voz repleta de formas, a música de Old Jerusalem parece quase sempre eludida por palavras reprimidas, prestes a explodirem, a todo o momento; ouve-se um murmúrio, o constante sussurro de uma personagem envergonhada. Poucas são as vezes, que a música de Old Jerusalem se liberta da sua própria timidez, deixando descobrir a voz forte que traz escondida. É assim mesmo, nós sabemos, mas é pena. Foi uma hora franca, preenchida por uma arte de uma simplicidade absoluta e desarmante. É assim a música de Old Jerusalem. Nua e pura.
Não foi enorme, foi apenas o suficiente para comprovar o que já todos sabíamos. O grande cantautor que Francisco Silva é.

Old Jerusalem.