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A Oficina Salobra de Bruno Broa em “Nicht Vergessen Bruder”, ou “Não Esqueças Irmão”

Rui DinisRui Dinis

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Tenho andado a desfrutar de um disco novo. E desfrutar é o termo certo. Um disco que se chama “Nicht Vergessen Bruder”, em português, qualquer coisa como “Não Esqueças Irmão”. E faz todo o sentido, irmãos.

Dizer logo que este é o trabalho de estreia de uma Oficina Salobra, um projecto pessoal de Bruno Broa, músico a que nos habituámos nos últimos tempos a ver e ouvir nos Alma Fábrica. Para o caso, Alma Fábrica é apenas uma esparsa referência. Depois, sendo o único responsável por esta interessantíssima obra, no piano, no xilofone, no oboé, na guitarra, nas vozes, no cajon, nos vários instrumentos de percussão, no sampling e nos teclados, Bruno Broa é também responsável por chamar para este disco alguns amigos e colegas músicos, tais como Pedro Solaris, Jorge Trigo (Quarto Fantasma), Rita Cardoso, André Bispo (ALF), Bruno Cristo (Alma Fábrica), OZZY (Matilha), Luís Balinho (Mulherhomem), João Morgado (ALF), David Santos (noiserv), etc.. É também uma ideia que se partilha. Sendo todos importantes, para o caso, este é um disco de Bruno Broa e da sua Oficina Salobra. E isto é claro.

Depois, apetece-me reafirmar que tudo faz realmente sentido, meu irmão. Porque é preciso não esquecer. “Nicht Vergessen Bruder” é um disco conceptual, quase sempre instrumental e no seu todo encerrando mesmo um fundo experimental, na forma como é abordado em termos estéticos. É um disco surpreendente, indubitavelmente. Se materialmente se divide em 10 faixas, ele é em boa verdade um disco de uma faixa só, sendo mesmo quase impossível percebê-lo no seu todo sem o ouvir realmente por completo. Por outro lado, é até possível ficar-se satisfeito com apenas metade, no entanto, nunca se saberá o quanto se perde com o resto. E é muito, acreditem. “Nicht Vergessen Bruder” é um disco único, completamente inseparável das suas partes, das suas várias mensagens. Focado no tema da guerra, “Nicht Vergessen Bruder” vive também ele de grandes convulsões, de grandes variações, no estilo, na forma, no ritmo. São muitos os géneros incorporados, pontas soltas coladas com uma mestria assinalável, de forma a dar corpo a uma ideia só. Como unir coerentemente expressões ora mais rock, ora mais experimentais, ora mais jazzy ou ora mais clássicas? São apenas alguns dos cenários utilizados eficientemente por Bruno Broa nesta sua longa exposição sonora, nesta sua visão de um mundo muitas vezes mais triste.

Gravado por David Hinrichs entre Agosto e Setembro deste ano, com masterização por André Gois, “Nicht Vergessen Bruder” perturba-nos a todo o instante pelo seu assombro. [ALTERNATIVA | OUVIR]

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Mais informação em http://a-trompa.net/factor-t

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.