Em ano de mais um novo e grande disco, “A Rose Is a Rose Is a Rose” [ouvir no spotify] , Old Jerusalem será a razão de mais um super-especial n’a trompa. Será o próprio Francisco Silva a falar-nos sobre a sua música, sobre os seus discos, sobre esses dias de feliz criação. A trompa dá o mote, o artista continua…
oldalla

2002
“Old & Alla” – Old Jerusalem / Alla Polacca (BorLand)

No ano em que um atentado terrorista com aviões destruiu as torres gémeas do World Trade Center e parte do Pentágono, Old Jerusalem

…estava a dar os seus primeiros passos. A ideia de desenvolver um projecto musical centrado na escrita de canções e cuja designação seria de “Old Jerusalem” terá surgido entre 1999 e 2000. Algumas das canções que ainda hoje formam parte do repertório de Old Jerusalem são inclusivamente anteriores a esse período e foram interpretadas por outras bandas de que fiz parte, mas a linha estética definidora do “carácter” de Old Jerusalem surge por esta altura, 1999-2000.
Foi também neste período que pus a circular em alguns meios, já sob a designação de Old Jerusalem, um CD-R (ou cassette?) com demos bastante cruas gravadas em 4 pistas de um conjunto de canções de minha autoria. O objectivo era tentar entrar num circuito muito interessante, ainda que marginal, de actividade musical independente que na altura demonstrava alguma vitalidade, com editoras como a LowFly, a Milshake/Bee Keeper, a Garagem, entre outras, e as bandas de vários quadrantes estéticos que lhes estavam associadas. Foi encorajador na altura cruzar-me com o trabalho de alguns artistas que não viam constrangimentos no carácter artesanal e pouco polido da estética “low fi”, principalmente alguns nacionais como os Leeand Me (de que fazia parte a Mariana Ricardo e que deixaram uma marca forte na minha memória apesar de apenas ter ouvido uma ou duas canções no programa do Henrique Amaro – entretanto, passados todos estes anos, conheci a Mariana e “pedinchei-lhe” uma cópia dos dois 7” que os Leeand Me editaram ☺), o Pequeno Aquiles (do Jorge Cruz), os Toast, os Clockwork, os Orange e, a outro nível mas com o mesmo enfoque nas canções que pretendia atribuir ao meu trabalho, os Sequoia (o “Fruit and songs” foi um disco importante, não só por ser em si um belo disco, mas porque demonstrou que havia gente cá a praticar a estética que eu pretendia também trabalhar com Old Jerusalem) ou mesmo os Silence 4.
Um desses CD-Rs que fiz foi endereçado ao Rodrigo Cardoso, que não conhecia mas de quem sabia que estava a iniciar um projecto editorial independente – a Bor Land. O Rodrigo interessou pelas canções e entrou em contacto comigo para agendarmos uma conversa, que serviria para nos conhecermos e falarmos sobre uma possível colaboração.
Esse foi seguramente o ponto de viragem para Old Jerusalem, porque na Bor Land e nas pessoas que gravitavam em torno desse projecto editorial encontrei uma pequena comunidade de pessoas muito interessantes e dinâmicas, com gostos e propósitos comuns e dispostos a trabalhar de forma muito determinada e empenhada para “dar à luz” e pôr a circular pequenos objectos de expressão musical e artística, como é este primeiro split-EP/demo de Old Jerusalem e Alla Polacca.

Francisco Silva

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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